Principal custo diário para motoristas de aplicativo, a gasolina sofreu reajuste de aproximadamente R$ 0,70 nesta segunda-feira, 8, em Salvador. Apesar do impacto que pode ultrapassar R$ 500 na renda mensal, os trabalhadores argumentam que os principais culpados pelo prejuízo são os aplicativos, como 99 e, especialmente, Uber.
“O problema é a política tarifária perversa adotada pelos aplicativos, principalmente a Uber. Se houvesse uma política de correção da tarifa, conforme aumento dos insumos, incluindo combustível, não haveria problema algum. Mas da forma que a Uber faz, cada vez que gasolina, etanol ou GNV sobem, motoristas ficam perplexos”, indigna-se o motorista Cláudio Sena.
O resultado disso é o maior tempo de espera e dificuldade para o consumidor conseguir uma corrida. “Nos vemos obrigados a mudar a estratégia de trabalho, selecionando ainda mais as viagens, pois a maioria dos pedidos chegam com valores impraticáveis.”
O motivo da maior seletividade, privilegiando viagens com maior valor, é que este aumento significa um gasto a mais de R$ 375 para um Motorista que trabalha com carro que faz 12 km/l e roda 5.000 km/mês. Caso o motorista se locomova ainda mais, o custo pode ultrapassar os R$ 500.
“O preço do pão aumenta quando o custo do trigo sobe. O valor de um automóvel aumenta quando o fabricante percebe aumento em seus custos. A roupa que compramos em 2016 não custa o mesmo preço hoje. Só tarifa de aplicativo não muda, apesar de todos os aumentos nos preços de combustível, peças, seguro, etc. Essa aberração acontece por que Uber e 99 não sofrem prejuízo, quem arca com as perdas é o motorista”, lamenta Cláudio.
Para compensar as perdas, a solução adotada por motoristas como José Silva é trabalhar mais. “Já é comum trabalhar 10, 12, 14 horas por dia. De domingo a domingo, sem feriado para viajar com a família. Tudo para ganhar hoje o mesmo valor que ganhava em 2017, 18 com uma jornada de 8 horas”, revela.
Fonte: Portal A TARDE