10 mitos e verdades sobre a AIDS

Foto: Cristina Nabuco - Edição: MdeMulher (/)
Foto: Cristina Nabuco - Edição: MdeMulher (/)

1. Sou mulher, heterossexual e não uso drogas. Portanto, não preciso me preocupar com a AIDS.
Mito. A AIDS é um problema de todos. Hoje não se fala em grupo de risco, mas em situação de vulnerabilidade, explica a psicóloga Iracema Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Sbrash): “Não usar preservativo na relação sexual é se colocar em condição vulnerável. Cada um de nós precisa assumir a responsabilidade por sua saúde”.

2. Todo portador do HIV tem AIDS.
Mito. Um portador do HIV passa a ser considerado doente de AIDS quando apresenta a deterioração do sistema imunológico. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca os linfócitos CD4, que produzem anticorpos. Os que não têm sintomas nem sinal da doença são chamados soropositivos e podem transmitir o vírus. Uma pessoa com aparência saudável pode estar infectada e talvez nem saiba.

Segundo o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, o surgimento dos sintomas dependem da saúde do portador. As doenças oportunistas – como herpes, tuberculose e pneumonia – demoram, em média de cinco a dez anos para se manifestar. Durante esse período, a pessoa pode ficar assintomática. Os primeiros sinais podem ser leves (febre, diarreia, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos) ou severos (pneumonias graves, diarreia persistente, emagrecimento intenso, placas de candidíase na língua e na boca, alterações no sistema nervoso).

3. O diagnóstico é feito apenas pelo exame de sangue.
Verdade. Há dois métodos: o exame convencional (Elisa) e o teste rápido em uma gota de sangue. As duas metodologias permitem detectar a presença de anticorpos contra o vírus HIV. Se der positivo ou reagente, é feito outro teste para confirmar o resultado, o Western Blot, que procura fragmentos do HIV, ou o PCR, que localiza material genético do vírus. O exame é solicitado na gravidez e pode ser realizado nos postos de saúde por qualquer pessoa que desconfie de exposição ao vírus (não usou camisinha no sexo com alguém que use drogas, por exemplo).

4. Se der negativo, posso respirar aliviada.
Mito. Pode ser um falso negativo. Os testes aplicados dosam anticorpos contra o vírus. Se o contato for recente, você pode estar no que os especialistas chamam de janela imunológica, período em que a produção de anticorpos contra o HIV é insuficiente para ser detectada. Jean Gorinchteyn recomenda repetir o teste após quinze dias, três meses, seis meses e um ano

5. Para que o tratamento dê certo, é preciso iniciá-lo assim que o exame der positivo.
Mito. Até o ano passado, a terapia antirretroviral só era iniciada quando a contagem de CD4 estivesse abaixo de 500 unidades por milímetro cúbico de sangue ou o portador tivesse a partir de 55 anos de idade. O tratamento foi antecipado pelo Ministério da Saúde com o objetivo de reduzir a quantidade de vírus em circulação, para evitar a queda na resistência e o aparecimento de doenças oportunistas, e também diminuir as chances de transmitir o HIV a outras pessoas. Mas os remédios têm efeitos colaterais, como lipodistrofia (alteração na distribuição de gordura: ela some do rosto e se concentra na barriga) e aumento do colesterol e dos triglicérides, além de náuseas, vômitos e diarreias nas primeiras semanas de uso. “Alguns não toleram esses efeitos e abandonam a medicação. Com isso, o vírus pode se tornar resistente aos remédios”, alerta o infectologista.
 

6. Os novos coquetéis de drogas fizeram da AIDS uma doença crônica como hipertensão.
Mito. Os21 antirretrovirais disponíveis na rede pública não matam o vírus. Mesmo que a carga viral fique indetectável, isto é, não haja mais indício do HIV no sangue, ele pode ter se escondido no cérebro, nos gânglios e em outros locais a salvo do nosso sistema de defesa e voltar a atacar, daí a necessidade de usar a medicação por toda a vida, informa Jean Gorinchteyn. Apesar da possibilidade de manter o HIV sob controle, o infectologista diz que não dá para comparar essa infecção a outras doenças crônicas porque ela exige cuidados no sexo e na hora de ter filhos e os portadores sofrem preconceitos.
 

7. É preciso haver penetração para transmitir o vírus.
Mito. Atualmente a principal via de transmissão é sexual, portanto o maior cuidado é usar preservativo em todos os momentos da relação, seja ela homo ou heterossexual. “Não apenas para a penetração do pênis na vagina ou do pênis no ânus, mas antes de qualquer contato com mucosa, sêmen e secreção vaginal, inclusive no sexo oral”, recomenda Iracema Teixeira. Outros cuidados importantes: não compartilhar seringas, agulhas e objetos cortantes e escolher com o máximo de critério dentistas, manicures e locais para a realização de tatuagem.
 

8. Beijo transmite AIDS.
Mito. “O HIV foi achado na saliva, mas a composição dela consegue neutralizá-lo, a menos que a pessoa tenha alguma lesão grave na boca”, responde Iracema Teixeira.
 

9. Toda camisinha é 100% confiável.
Mito. Antes de transar, veja se o produto está dentro do prazo de validade e se tem a certificação do Inmetro. “As fluorescentes e com sabor devem ser usadas apenas como parte da brincadeira”, orienta Iracema Teixeira. “Na hora agá, prefira uma camisinha certificada. Preservativos não testados podem ter microperfurações, por onde o vírus passa.” Não guarde em locais expostos ao sol, como porta-luvas. Não abra a embalagem com os dentes e desenrole com cuidado, segurando na ponta para deixar uma folga para o ar.
 

10. Quem tem uma relação estável pode dispensar o preservativo.
Mito. “Abrir mão da camisinha requer uma conversa muito clara e um alto grau de confiança entre o casal, além da certeza de que ambos não estão infectados.” Para Iracema Teixeira, o foco não pode ser a monogamia. “Traições acontecem. Daí a importância de assumir o compromisso de usar preservativo nas relações extraconjugais para preservar quem se ama.” (Boa Forma)

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