O isolamento social mal começou e já parece que estamos há séculos dentro de casa. Grande parte das escolas e universidades do país cancelou as aulas, enquanto muitas empresas instituíram o home office por tempo indeterminado.
Mas essas não são “férias forçadas”. Para que as medidas sejam efetivas no combate ao coronavírus, não adianta trabalhar de casa e ir a uma festa no final de semana. Por isso, várias cidades brasileiras determinaram o fechamento de boates, shoppings, academias, lojas e todos os estabelecimentos que não sejam essenciais para o dia a dia, como supermercados e farmácias. A recomendação é bem clara: sossegar o facho.
Mas e o final de semana? Sem aula nem trabalho, é fácil passar horas alternando entre filmes e séries da Netflix até não ter mais o que assistir. Em meio a uma onda de solidariedade, várias instituições culturais estão abrindo seus conteúdos para serem acessados remotamente. Aproveite a oportunidade para fazer atividades que geralmente são pagas – ou exigem passar horas de viagem em um avião.
Visitar museus
Museus do mundo todo estão fechados para evitar a concentração de pessoas. O jeito é conferir o acervo de dentro de casa.
A vantagem é não precisar ir até Paris para conhecer o Louvre. Ele e outros 2500 museus e galerias disponibilizaram acervo, tour e exibições digitais para quem está de quarentena. E não estamos falando apenas de exibições de arte. A NASA, por exemplo, possui um tour virtual gratuito pelos centros de pesquisa da agência com informações educativas sobre o espaço.
O Google Arts and Culture é uma iniciativa que já existe desde 2011, mas cai bem nesse momento. Além de disponibilizar tours virtuais de vários museus, a ferramenta ainda permite ver os quadros bem de pertinho, mostrando detalhes que provavelmente passariam despercebidos em uma visita ao vivo.
Assistir a um musical da Broadway
Nem quem está em Nova York consegue assistir a uma peça da Broadway. Todos os teatros estão fechados e as apresentações foram adiadas por tempo indeterminado.
Talvez a sua casa não tenha a acústica perfeita, mas vale conferir os shows do sofá. O BroadwayHD é um serviço de streaming de shows da Broadway que liberou o acesso gratuito por 7 dias – depois disso, ele oferece o plano mensal ou anual ao usuário. O catálogo conta com O Fantasma da Ópera, A Noviça Rebelde, Cats (não é o filme, pode ficar tranquilo) e vários outros musicais clássicos.
Curtir um show de música
Se você tinha comprado ingressos para o Lollapalooza, por que não ver um show ao vivo de casa? Vários artistas que também estão de quarentena (e provavelmente tão entediados quanto você) estão fazendo shows intimistas dentro de casa e transmitindo por lives no Facebook e Instagram.
Alguns shows que já aconteceram foram Coldplay, Keith Urban, Miley Cyrus, Charli XCX, Diplo e até a orquestra da Filadélfia. Tem pra todos os gostos. Se você perdeu esses, pode ficar tranquilo: a maioria está disponível online e os artistas planejam continuar fazendo mais shows ao longo do período de quarentena.
Dá até pra ir a um festival. O jornal O Globo organizou o #tamojunto, um festival de música com 32 pocket shows de artistas brasileiros que será transmitido ao vivo pelo canal do YouTube do jornal. Ele vai rolar nessa sexta (20), sábado (21) e domingo (22) – e eles já planejam uma próxima edição para o final de semana seguinte.
Outro evento brasileiro que vai rolar no final de semana é o Festival Música em Casa, que começa na sexta (20) e vai até o domingo da semana seguinte (29). Os shows acontecem todos os dias das 19h às 21h30. São cinco apresentações por dia de meia hora cada uma.
Dar gargalhadas em um stand-up
Da mesma forma que os músicos, comediantes também têm feito transmissões ao vivo de apresentações de stand-up e de improviso, além dos vídeos gravados de performances passadas.
O grupo brasileiro Barbixas posta no Youtube os vídeos do show Improvável, uma apresentação de improviso que acontece semanalmente no teatro Tuca, em São Paulo. Com o fechamento de todos os teatros, museus e centros culturais na cidade, o jeito vai ser se contentar com os vídeos no Youtube – que, acredite, valem muito a pena.
Os serviços de streaming também ajudam. Para quem prefere rir pra não chorar da situação, vale o stand-up End Times Fun na Netflix, do comediante Marc Maron, que satiriza o fim do mundo. E para rir de quem está disseminando o discurso xenofóbico contra a China, também vale Asian Comedian Destroys America!, do comediante Ronny Chieng, também na Netflix.
Ver uma ópera chique
Essa é para os fortes. Não é todo mundo que se propõe a assistir a 6 horas de ópera, mas essa pode ser uma oportunidade de descobrir e apreciar algo novo. Logo após o cancelamento das apresentações futuras, o Metropolitan Opera de Nova York anunciou que vai disponibilizar vídeos em HD de várias performances antigas que aconteceram lá.
Para lembrar a sensação de estar em um teatro, cada noite terá uma apresentação diferente. O vídeo da peça fica disponível durante a noite inteira, começando às 19h30, e no dia seguinte entra uma nova apresentação (você confere a programação completa aqui). Que tal abrir um vinho e fazer uma noite de gala?
Assistir a filmes raros
Não dá pra viver só de Netflix. O catálogo é enorme, mas sabe quando você tem a sensação que já viu de tudo? Existem outras alternativas pra quem quer sair um pouco do mainstream.
A Spcine liberou todo o seu acervo de filmes brasileiros por 30 dias em seu serviço de streaming, o Spcine Play. Ele conta com documentários, apresentações e destaques dos principais festivais de cinema do país, incluindo produções de Hector Babenco, Zé do Caixão e também de diretores menos conhecidos.
O festival brasileiro de documentários É Tudo Verdade começa no dia 26 de março e terá 50 horas de transmissão online, incluindo filmes inéditos. Outro que entrou na onda foi o Festival de Filmes de Amsterdam, que liberou seu acervo online. A Pandora, uma distribuidora de filmes independentes, antecipou a liberação de filmes recentes para plataformas de streaming, enquanto a Filmes de Plástico, distribuidora mineira, tem vários curtas disponíveis no seu canal do Youtube.
Superinteressante – por Maria Clara Rossini