Os estados de Pernambuco, do Ceará e da Bahia registraram 70 casos de intoxicação devido ao contato com o petróleo que atingiu mais de 400 localidades do Nordeste. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (7) em novo boletim epidemiológico.
Casos por estado:
Pernambuco: 66
Ceará: 1
Bahia: 3
De acordo com o governo, homens representam 57% dos casos de intoxicação. A média de idade é de 28 anos e 27% dos pacientes trabalharam como voluntários para tentar limpar as praias.
Os médicos afirmam que as consequências à saúde variam de acordo com o tempo e a dose de contato. Pode ocorrer: irritação na pele, vermelhidão, queimaço, inchaço. sistomas respiratórios, dor de cabeça, náusea, dores abdominais, vômito e diarreia.
Os primeiros laudos foram feitos a partir de vestígios de óleo e de resíduos sólidos coletados nas regiões afetadas. Os pacientes estão sendo expostos por contato com a pele ou por inalação, sendo a respiração a principal via de absorção.
Orientações do Ministério da Saúde
Nunca entrar em contato direto com o óleo
Durante a limpeza, usar máscara descartável, luvas de borracha resistente, botas ou galochas de plástico ou outro material impermeável
Crianças e gestantes não podem participar da limpeza
Lavar a pele com água e sabão sempre que entrar em contato com o óleo
Usar óleo de cozinha e outros produtos contendo glicerina ou lanolina para limpar o produto
Nunca usar solventes (querosene, gasolina, álcool, acetona, tiner) para a remoção
Compostos voláteis
Três compostos voláteis do petróleo são extremamente perigosos para a saúde a longo prazo, alertou Ícaro Moreira, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), especialista em recuperação de áreas atingidas por petróleo. Além de alto potencial cancerígeno, a exposição ao benzeno, tolueno e xileno pode provocar doenças no sistema nervoso central.
Listada pelo Instituto Nacional do Cancer (Inca) como uma substância altamente perigosa, o benzeno é responsável por provocar anemia e aumenta as chances de infecções e de desenvolvimento de cânceres sanguíneos como a leucemia.
“O cheiro é um alerta. Se há cheiro de combustível, é sinal de que não está protegido para lidar com este composto tóxico” – Ícaro Moreira.
Intoxicação aguda
O professor relatou casos de dor de cabeça provocada após ele mesmo transportar amostras do óleo para análise em laboratório. A partir de 27°C, o petróleo começa a evaporar e ao ser inalado provoca uma intoxicação aguda, ou seja, momentânea.
Ele explicou que esse desconforto passa e os riscos são maiores quando há maior exposição, por mais tempo, como é o caso dos voluntários e dos trabalhadores na limpeza.
“Quem está no processo de limpeza, com certeza, se não usar uma máscara, vai passar mal”, comentou Moreira. “O perigo do petróleo é a exposição a médio e longo prazo. Eles que estão há mais de 30 dias trabalhando, se não estiverem com a proteção correta, podem sim ter doenças mais sérias”.
Mais de 400 localidades
Novo boletim do Ibama divulgado nesta quinta-feira mostra que o óleo atingiu 409 localidades em nove estados do Nordeste. São 104 municípios com registro de vazamento do petróleo. Fonte: G1