Nove filhos, trinta netos, 42 bisnetos e oito tataranetos. Esse é o tamanho da família criada por um casal de idosos centenários que mora no bairro de Pernambués, em Salvador. No dias dos avós, comemorado nesta sexta-feira (26), o G1 conta a história de seu Nestor Selerino dos Santos, de 106 anos, e a companheira, Maria Selestina dos Santos, de 100, que montaram uma família gigante em 75 anos de casamento.
”FALAR DOS MEUS AVÓS É FALAR DE DOÇURA. SEMPRE ATENCIOSOS COM TODOS OS NETOS, ORAM POR TODOS DE FORMA IGUAL E TÊM UM CARINHO IGUAL POR TODOS”, AFIRMA A NETA CLARICE DOS SANTOS.
Nestor e Maria se conheceram no município de Conceição do Almeida, a 170 quilômetros de Salvador. Os dois estudaram juntos na mesma escola. Ele se apaixonou por ela e a pediu em casamento quando ela tinha 16 anos. Maria afirma que demorou para aceitar o pedido e que eles só se casaram oito anos depois.
“Eu considerava ele como um irmão. Quando eu tava com 16, ele fez a declaração, mas eu rejeitei porque eu não tinha pensamento nele, porque o tinha como irmão. Mas ele disse que a gente se casaria e eu só decidi depois dos 20 anos”, conta. Maria diz ter mudado de ideia por conta da insistência de Nestor.
“Ele ficou insistindo e as pessoas diziam que eu deveria me casar. Então, nos casamos e estamos junto até esta data”, diz a idosa, que foi criada pela avó e pelo pai, já que a mãe morreu durante o parto dela.
Os dois se casaram primeiro na igreja e, depois, no cartório. Depois de um tempo, se mudaram para Salvador, onde vivem há cerca de 50 anos. Nestor diz que não imaginava que a família fosse crescer tanto.
“Eu não esperava, mas chegou. E o que fazer? Apareceu? É para criar”, diz o idoso.
É tanta gente que dona Maria diz nunca ter conseguido reunir todos em casa. “Uns moram longe, tem gente até em São Paulo, no Rio [de Janeiro]. Então, não dá para juntar todo mundo. Sempre reunimos uma quantia de dez, doze [familiares]”, afirma.
Apesar de morarem sozinhos em uma casa, sempre um dos filhos, que moram em casas separadas, está por perto. “Eles moram sozinhos e nós moramos com eles. Cada dia da semana tem um revezamento dos filhos e ficamos aqui com eles. Ficam, então, 24 horas com os filhos, porque, apesar de fazerem de tudo, precisam de atenção”, diz Raimundo dos Santos, de 65 anos, filho mais velho do casal.
“São tudo para mim, são meus pés de apoio. Sem eles, eu não iria para ligar nenhum”, conta Raimundo. Os herdeiros dizem ter muito orgulho do casal, símbolo de simpatia e vitalidade.
“Ser neta deles é um privilégio. Eu não tenho nem o que argumentar, só dizer que é privilégio realmente. Eles gozam saúde, eles fazem tudo sozinhos. Hoje, quando converso com meus amigos, ou alguém conhecido, e digo que meu avô tem 106 anos e minha avó 100 anos, as pessoas ficam abismadas pela idade que eles têm. E, para nós, como netos, é um privilégio ter eles como exemplo”, destaca a neta Clésia Rodrigues.
Dona Maria relata que não foi fácil criar todos os filhos e ajudar na criação dos netos e bisnetos, mas diz que sente que cumpriu o dever.
“Com muita dificuldade, mas consegui criar todos ele, com todo amor, com todo carinho. O amor que tenho por um, tenho por todos. É o mesmo amor por todos, sem separação. A mesma coisa com netos e bisnetos. Todos estão no meu coração”, diz.
(G1/BA)