A Bahia possui de acordo com dados do IBGE, 1,3 milhão de pessoas entre 15 a 19 anos, sendo que, este ano, menos de dez mil jovens entre 16 a 20 anos se candidataram a doar sangue. O número fica ainda mais baixo quando levamos em consideração os menores de idade. A Fundação Hemoba recebeu em 2019, apenas 637 adolescentes entre 16 e 17 anos interessados na doação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, para garantir os estoques de sangue e a demanda transfusional, cerca de 3% da população deveria ser doadora regular. Se a meta fosse alcançada, só entre o público de 16 a 20 anos, teríamos ao invés de dez mil candidatos quase 40 mil em 2019.
Para a hematologista Aline Dórea, coordenadora médica da coleta de sangue de doadores da Fundação Hemoba, sensibilizar esse público é um dos principais desafios. “Quando um jovem entende a importância da doação de sangue, a causa ganha um mobilizador importante que, através das redes sociais e convívio, consegue sensibilizar outras pessoas se tornando além de doador, um agente importante para transformar nossa realidade. Isso estimula a cultura da doação espontânea e regular. Vale ressaltar que as doações podem ser iniciadas com 16 anos. É preciso estar bem de saúde, pesar mais de 50 kg, trazer um documento oficial com foto e vir acompanhado por um responsável legal”, explicou a médica.
Tocado pela causa, o estudante Fernando Antônio Júnior de 16 anos esteve na Fundação com seu pai para a primeira doação. “Meu pai já fez a doação algumas vezes e senti vontade de ajudar. Logo que completei a idade mínima, resolvi começar a doar sangue. Sinto-me feliz, saio daqui com a certeza que ajudei alguém, que não conheço, mas que estava precisando de meu apoio”. Orgulhoso pela iniciativa do filho, o pai disse que ficou surpreso com a atitude. “Essa semana ele me perguntou se podia e fiquei surpreso. Gostei muito da iniciativa, saber que meu filho se propõe a ajudar o próximo sem nenhum interesse é muito gratificante”, comentou Fernando Antônio.
A coordenadora de captação de doadores, Iara Matos, destacou que Fundação Hemoba vem realizando projetos de sensibilização com o público jovem. “Existe um trabalho contínuo que já mostra bons resultados. Programas como o Doador do Futuro e Universidade Cidadã são bons exemplos. Levamos o conhecimento para o público e com isso plantamos sementes que no futuro darão bons frutos. A Fundação Hemoba também possui parcerias com a comunidade escolar, onde sensibilizamos pais, alunos, professores e lideranças de bairro e atuamos com parcerias através de grupos de jovens ligados a entidades religiosas. Apesar da realização constante de ações, ainda sentimos falta de adesões. A atuação deste público pode mudar positivamente nosso quadro de doação, que normalmente fica abaixo do esperado. No Hemocentro Coordenador, um bom horário para a doação é no turno vespertino, onde o movimento da Hemoba é mais tranquilo”.
Condições básicas para doação:
Doar sangue é um ato simples e seguro que geralmente não consome muito tempo dos voluntários. Com uma média de 40 minutos por atendimento, o doador não tem um desgaste físico considerável, estando apto para qualquer atividade em 24h. Atualmente, a Fundação Hemoba dispõe de quatro unidades em Salvador, 21 espalhadas no território baiano e três unidades móveis que realizam a captação de doadores em pontos estratégicos no estado.
Homens podem doar até quatro vezes por ano, tendo um intervalo mínimo de dois meses. As mulheres podem doar em até três ocasiões de três em três meses. Para doar, é importante o voluntário estar descansado, ter dormindo pelo menos seis horas, estar alimentado, evitar comidas gordurosas nas últimas quatro horas, não ter fumado por duas horas e não ingerir bebida alcoólica nas últimas 12 horas. (Fonte: Ascom/Hemoba)