Enquanto não houver vacina, não haverá obras de construção da ponte Salvador-Itaparica. Em entrevista ao Bahia Notícias, o vice-governador João Leão (PP), que também é titular da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE), apontou que o temor do novo coronavírus se espalhar entre os mais de 7 mil operários previstos no empreendimento é o que impede o início dos trabalhos na região da Baía de Todos-os-Santos.
A previsão para o início dos trabalhos é outubro de 2021, quando Leão acredita que o estado já terá grande parte da sua população imunizada contra o novo coronavírus. Segundo ele, para trabalhar nas obras da ponte Salvador-Itaparica, o operário será obrigado a apresentar uma comprovação de que foi imunizado. “Estamos esperando sair essa vacina, para realmente a obra começar a correr. Minha perspectiva é a seguinte: o funcionário, quando for admitido, tem que estar com o atestado de que foi vacinado. Do engenheiro ao peão”, afirmou.
“Imagine o cara chegar em um restaurante que vai ter do lado de cá, que tem 3 mil pessoas para almoçar. Um do lado de lá, na Ilha de Itaparica, que tem mais 3 mil pessoas. Outro restaurante lá, onde será o canteiro de obras, que vai fazer toda a parte pré-moldada da ponte, que tem mais mil e tantas pessoas trabalhando. Imagine, na pandemia, o que vai acontecer com isso. Então é por isso que estamos segurando um pouco, para ver se essa vacina chega, para começar sem problema de contágio”, argumentou o vice-governador.
Leão contou que outras obras da administração estadual foram paralisadas por conta da Covid-19. “Para você ter ideia, nós estamos fazendo agora uma série de usinas de energia eólica. Então essas usinas têm 300, 400 funcionários. E o que nós estamos tendo de problemas de contágio… Teve obra que nós tivemos que parar. Imagine 7 mil pessoas trabalhando em uma única obra”, disse.
O titular da SDE, que mobiliza há muitos anos forças do governo baiano para a construção da ligação entre Salvador e a Ilha de Itaparica, também utilizou como exemplo as obras da ponte entre os municípios de Barra e Xique-Xique, no Sertão do São Francisco, que conta com 400 operários. “Foi despedido um funcionário porque tirou a máscara no canteiro. É para dar o exemplo. O cara tirou a máscara, botou em um prego e estava batendo o martelo, fazendo forma, sem máscara. Aí foi despedido. Desse dia em diante, ninguém mais tirou a máscara”, garantiu.
A ponte Salvador-Itaparica terá um total de 12,4 km de extensão e será construída por um consórcio formado pelas empresas chinesas China Communications Construction Company, CCCC South America Regional Company e China Railway 20 Bureau Group Corporation, com um custo de R$ 7,7 bilhões. O governo do estado arcará com R$ 1,5 bilhão, enquanto o grupo chinês custeará o restante. A concessão, no modelo de PPP (parceria público-privada), terá uma duração de 35 anos, sendo cinco de construção e 30 de exploração, com pedágio para veículos.