O Brasil foi citado como um país onde as políticas públicas contra a pandemia são ruins durante uma discussão na Assembleia Nacional da França na terça-feira (14), quando o primeiro-ministro, Jean Castex, anunciou que o governo iria suspender os voos entre os dois países.
Patrick Hetzel, um deputado de oposição, atacou o governo por não ter fechado, até então, as fronteiras com o Brasil, e que isso mostrava a incapacidade de lidar com a pandemia.
Esse mesmo deputado, em abril de 2020, havia pedido ao presidente francês para que recomendasse hidroxicloroquina, que não tem nenhuma eficácia para combater a Covid-19.
Em sua resposta, o primeiro-ministro disse que Hetzel distorcia a realidade, pois o governo francês foi ativo ao combater a pandemia. Castex aproveita para ridicularizar Hetzel por recomendar hidroxicloroquina no começo da pandemia.
“Tem uma coisa que não fizemos: seguir suas recomendações. O senhor escreveu ao presidente da República em 2020 para aconselhar a ele que prescrevesse hidroxicloroquina. Ora, o Brasil é o país que mais a prescreveu”, afirmou o primeiro-ministro.
Uma parte da Assembleia Nacional, então, aplaudiu e deu risadas.
O começo da discussão
O deputado de oposição começou sua fala dizendo que a variante identificada no Brasil, mais severa, contagiosa e mortal, ameaça a França.
Portugal e Reino Unido, afirmou, adotaram restrições mais severas.
Ele cita, então, uma fala do ministro dos Transportes, que teria dito que não poderia fazer nada, pois isso não está previsto em lei. O deputado afirma que isso é uma incapacidade política e que os franceses precisam ser protegidos.
Hetzel pergunta ao primeiro-ministro se ele vai proibir os voos com países que possuem variantes perigosas ou iria continuar a ser incapaz de implementar políticas sanitárias que a ciência já disse que são necessárias.
Resposta do primeiro-ministro
Ao responder, Jean Castex diz que a pergunta do deputado parte de fatos verdadeiros, como a severidade da variante detectada no Brasil, mas que o deputado distorce a realidade.
Ele afirma que desde o fim de janeiro já havia restrições aos viajantes que partem do Brasil, e anuncia a suspensão dos voos: “Vamos aos fatos: hoje, e após as medidas que tomamos em 29 de janeiro, toda pessoa que deseja entrar na França a partir do Brasil não pode fazê-lo a não ser por motivos imperiosos”.
É nesse momento que ele diz que o governo não recomendou a hidroxicloroquina, como o Brasil fez. (Fonte: G1 e Poder360)