O homem que havia sido preso, acusado de omissão de socorro após ele se negar dar assistência a companheira durante o trabalho de parto, na noite de sexta-feira (23) em São Miguel das Matas (veja aqui), está em liberdade.
Em entrevista ao repórter Antônio Carlos da Andaiá, o delegado Dr. Felipe Ghiraldelli, esclareceu mais detalhes sobre o caso e falou os motivos do acusado estar respondendo em liberdade, “foi apresentada na Polícia Civil uma situação em que um individuo que morava com sua esposa que estava gestante. Ele habitava em uma casa isolada na zona rural e os mesmos viviam de alimentos que as pessoas levavam para eles, pois de acordo com a convicção do suspeito, ele só recebe alimentos se fossem das pessoas que o ‘criador’ mandava. A mulher começou a sofrer as dores e contrações do parte além de convulsões. Mesmo assim, ele ficou acompanhando e anotando cada convulsão que ela teve, sendo elas 17, onde em uma dessas situações ela deu a luz a uma criança que de acordo com as informações dele, nasceu natimorto, e ele ajudou a cortar o cordão umbilical. Posteriormente a mulher continuou convulsionando e acabou morrendo também. Em nenhum momento ele procurou socorro ou ajuda de vizinhos, polícia ou qualquer outra autoridade para colaborar. O pai dele acabou descobrindo ao levar um alimento para eles e fez o acionamento”, disse.
Ainda segundo o delegado, o homem havia afirmado que não podia ajudar pois tudo o que havia acontecido era ‘obra do criador’ (clique e veja), “de acordo com ele, o mesmo não podia socorrer porque ‘tudo isso seria obra do criador’. Diante do exposto, analisamos as informações que nós tínhamos e juridicamente falando, na lavratura da auto de prisão em flagrante, o crime de omissão de socorro qualificado e o crime de fraude processual qualificada”, falou.
De acordo com informações do Dr. Ghiraldelli, a polícia não encontrou informações sobre a possibilidade da realização de algum ritual, “a gente ainda não tem informações sobre questões de ritual ou seita, ele fala de forma convicta de que tudo o que aconteceu era decorrente da ‘ação do criador’. Em nenhum momento ele declarou seguir algum tipo de religião ou dogma. Só falou que era tudo ‘obra do criador’. Ele tem alguma forma de falar um pouco incomum, mas talvez um exame mais apurado vai poder estabelecer a forma de agir dele ou se há algum distúrbio”, declarou.
O delegado falou sobre os motivos do acusado estar respondendo em liberdade, “tanto polícia, justiça, Ministério Público, defensoria, todos trabalham de acordo com a legalidade. Quando foi apresentado a situação, analisando juridicamente, eu entendi que tinha os elementos para que fossem lavrados o auto de prisão em flagrante pelos dois tipos penais. A Justiça concordou, entretanto, a regra pela Constituição Federal é que o individuo responda em liberdade e que ele só vai ficar preso em situações extremamente urgente, até então porque ela é inocente até que se prove o contrário. Temos elementos informativos e a confissão dele. Ele estará respondendo em liberdade, o que não impede que decisões do judiciário mudar, o contexto”, concluiu.
Redação: Voz da Bahia