Onze trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão foram resgatados em duas cidades sergipanas durante operação conjunta com a Fiscalização do Trabalho e a Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE), no dia 25 de janeiro. O fato foi divulgado somente nesta segunda-feira (31).
Eles eram do Maranhão e Piauí e trabalhavam no corte da cana-de-açúcar no município de Maruim, Sergipe, submetidos a condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva e impossibilitados de retornar aos seus locais de origem em razão de dívidas contraídas com a empresa empregadora. Dos 11 resgatados, 10 trabalhadores estavam alojados no município de Capela. Alguns não tinham carteira de trabalho assinada, e recebiam salário abaixo em virtude de descontos ilegais.
O local não possuía camas e colchões suficientes para todos os trabalhadores, que dormiam em cima de plásticos. O alojamento não possuía ventilação, cozinha e condições mínimas sanitárias. Faltavam itens básicos de higiene, bem como local apropriado para fazer a refeição. Eles bebiam água diretamente das torneiras do alojamento.
De acordo com o procurador do Trabalho Márcio Amazonas, que particiou da operação, a configuração de trabalho em condição análoga à de escravo se deu tanto em razão das condições precárias do alojamento quanto pela degradância da frente de trabalho. “Presenciamos trabalhadores cortando cana a poucos metros do fogo, sem proteção adequada e com uma alimentação precária para o seu sustento físico durante a jornada. Trabalhadores de ambos os sexos com apenas um banheiro sem condições de uso, levados para a frente de trabalho por motorista sem habilitação própria para o transporte, submetidos a alto risco de saúde e da própria vida. O resgate dos trabalhadores foi a medida mais adequada para o caso.”
Fonte: Bocão News