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Em um mundo cada vez mais dinâmico, os adolescentes têm se deparado com crescentes desafios e dilemas, como atender às expectativas da família, lidar com as cobranças, o bullying e a busca por um padrão de sucesso imposto na sociedade em meio às próprias incertezas e conflitos inerentes à idade. Esta pressão – tendo, por vezes, o ambiente escolar como epicentro – não consegue ser suportada e então surgem os efeitos colaterais. O principal deles é a depressão, que atualmente assola 10% dos adolescentes, segundo a Associação Brasileira de Psicanálise. Outro dado preocupante tem a ver com os casos de suicídio, que, de 2000 a 2015, aumentaram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos e 45% na faixa de 15 a 19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diante desse cenário, como a escola deve agir?
Tão importante quanto descobrir as causas é encontrar formas de aliviar o sofrimento psicológico e físico do adolescente. Considerando que os jovens passam a maior parte do tempo dentro das escolas, é importante que elas possuam um programa pedagógico para cuidar de cada caso. O colégio IBPI, localizado na Barra da Tijuca, possui o plano de unir a comunidade acadêmica com profissionais de saúde para atender da melhor maneira os alunos. Segundo a sua diretora pedagógica, a professora Lúcia Dieguez, o IBPI atende cada aluno de acordo com sua individualidade e, nos casos de depressão, a escola tem que ouvir a equipe médica que o está atendendo e os pais, para haver um entendimento real de suas necessidades. “Não existe um único caminho, precisamos observar este aluno e desenvolver mecanismos de conquista e apoio neste momento difícil de sua vida. Por isso, no IBPI, utilizamos um exclusivo método de ensino, pois partilhamos de diferentes formas de avaliação para flexibilizar o estudo, tornando possível a criação de um cronograma de estudo personalizado para cada aluno”, afirma a diretora.
A psicóloga Elisa Bichels afirma que houve uma grande mudança de paradigmas entre a geração de adolescentes atual e a de seus pais. Enquanto a geração X foi estruturada através da punição, a geração Z foi formatada para acreditar que poderia realizar qualquer feito, além de ser bombardeada de informação a todo momento, principalmente pela evolução da internet. Para Elisa, o problema é que a maioria das escolas e dos professores, principalmente na rede pública, continua com a mesma metodologia que possuíam há dez anos ou mais. “As escolas devem entender que possuem uma enorme importância para a vida dos atuais adolescentes. Assim, as instituições educacionais que pensam em ensinos individualizados, mas que agreguem a provisão da saúde mental e vida social dos jovens, já se mostram preparadas para as novas demandas psicológicas e emocionais dos alunos. As escolas precisam entender que os estudantes também devem ser ‘alfabetizados’ na emoção e que a saúde psicológica é tão importante quanto a física”, conclui a psicóloga.
Além destas medidas, a psicóloga considera importante a aplicação de educação socioemocional dentro das salas de aula. “As escolas precisam incluir para ‘ontem’ nos seus currículos matérias sobre empatia e habilidades para a vida, como treinamento de habilidades de tolerância à frustração, regulação emocional e também atividades lúdicas, como música, games e arte. E tudo isto deve ter como norte o trabalho com empatia e princípios de inclusão e cidadania, além de focar nas qualidades e virtudes de cada aluno mais do que conteúdos para o Enem”, finaliza Lúcia.