Um dos pecados pelos quais suas vítimas têm mais apreço público, a homossexualidade vem, ao longo das últimas décadas, sendo o ponto principal de atrito entre aqueles que pregam a Bíblia e os que não aceitam suas correções. Nesse contexto, o pastor John Piper ofereceu uma reflexão sobre os textos bíblicos a respeito deste tema.
Piper, que é teólogo e escritor, ofereceu uma breve introdução ao conceito bíblico de pecado, uma ofensa a Deus que carrega consequências, e enfatizou que a homossexualidade se encaixa nessa categoria:
“Para cada pecado, há vários níveis de motivos pelos quais isso é ofensivo a Deus e por que deve ser evitado. O mais simples é dizer que a Bíblia diz que é. Nós devemos começar daí, e se pudermos aprofundar, ótimo”.
O texto principal sobre o tema está numa das cartas do apóstolo Paulo, que dedicou seu ministério a pregar a povos não judeus, em territórios que hoje são compreendidos como o berço da cultura ocidental, onde a prática homossexual já era comum em seu tempo.
Piper, então, afirmou que “está claramente evidenciado em Romanos 1:24-29, que isso é algo errado e deve ser evitado”, e acrescentou que esse é um dos pecados que representam uma evidência de que seus praticantes não são salvos:
“Paulo, em I Coríntios 6:9,10, afirma algo bastante inusitado sobre a homossexualidade, quando diz: ‘Os que praticam tais coisas…’ – isso é listado junto à ganância, à cobiça e a outros pecados, não é só contra a homossexualidade – ‘não herdarão o reino de Deus’”.
Essa advertência contundente foi aprofundada pelo pastor: “Então se você sabe que é errado mas não se importa com isso, nem com o que Deus diz, mas faz o que quer, esse é um indício de que você não faz parte do reino de Deus”.
Disfunção
Em um segundo momento de sua explicação, John Piper segue detalhando que Deus não abre margem para contestação de Sua vontade e Seus propósitos, lembrando que o sexo em si é uma dádiva concedida com finalidade de glorificação a Ele:
“Essa é a resposta de autoridade: ‘Isso é errado, não faça isso’. A questão ‘Por que a Bíblia diria isso?’ também possui várias camadas. A primeira: a Bíblia define, logo no início, homem e mulher se tornando uma só carne. Essa é a maneira de Deus constituir a sexualidade”, recapitulou.
“A sexualidade é uma ideia de Deus e devemos aprender com Ele o que isso é. É um homem e uma mulher criados de forma bela e complementar de modo que sejam uma só carne. E tentar fazer de outra forma é uma distorção, uma corrupção, disfunção do modo que Deus fez. Essa é a segunda camada”.
Em seguida, o pastor fez outra confrontação: “A terceira: à medida que eu reflito em Romanos 1, e pela forma que Paulo desdobra o problema da homossexualidade, me parece que ele está dizendo algo como ‘quando você troca a glória de Deus por ídolos, o primeiro pelo qual você troca a glória de Deus é você mesmo’. O ídolo que você possui é você mesmo”.
Ao aprofundar um pouco mais a reflexão proposta, Piper abordou as questões referidas entre cristãos e conservadores como “ideologia de gênero” – embora não tenha se valido desse termo especificamente – dizendo ser mais um dos sintomas que a idolatria impõe: “Então, de qual sexo você é? Seu sexo é aquele que você possui. O meu é masculino. Se você é mulher, o seu é feminino. E parece que, ao trocar Deus por nosso ídolo mais querido, que geralmente somos nós mesmos, nós ficamos propensos a sermos atraídos pelo mesmo sexo. Então, implica que a atração pelo mesmo sexo é uma forma disfuncional de idolatria”.
“Há outras formas. Não estou dizendo que tentação homossexual é a única que fará esse tipo de idolatria própria emergir. Mas, se você for a Romanos 1:24-29, pense nisso por si próprio, pergunte-se como o verso 23, a mudança de Deus por coisas criadas, se relaciona com a mudança do modo natural pelo contrário à natureza. A mesma palavra para essa ‘mudança’ é usada nessa passagem”, conceituou.
“A coisa mais profunda que vejo por que Deus desaprova isso é, não só porque a Bíblia diz para não fazer, não só porque Deus criou homem e mulher, mas, em um nível mais profundo, há um tipo de idolatria envolvida em relacionamentos do mesmo sexo, que é muito profunda”, reiterou.
Empatia
Estabelecendo um ponto de identificação, o pastor lembrou que tanto cristãos quanto os incrédulos na Bíblia Sagrada são iguais em sua natureza caída, pecadora, e afirmou que o motivo pelo qual há homossexuais é compreensível:
“Aos que lutam contra isso: não é difícil para mim ter empatia ou imaginar isso. Não quero que aqueles que lutam com isso pensem algo como ‘isso é a pior coisa possível e imaginável’. Eu não penso assim”, ponderou.
“Penso que, se você tiver o objetivo de dizer ‘meu coração está quebrado e eu estou chorando por razões que eu não entendo, eu estou quebrado em minha sexualidade, gostaria de estar bem’, eu posso escolher tornar esse estado em pecado. Não creio que é pecado estar quebrado. Estar quebrado é resultado do pecado, mas apenas estar dessa forma, se sentir dessa forma, não acho que seja mais pecado do que eu me sentir heterossexual. Não é natural, está quebrado. Mas agora tenho a escolha de tornar minha heterossexualidade em pecado ou faze-la sagrada”, contrapôs.
“Alguém que luta com desejos homossexuais tem a mesma escolha: pecar com isso ou ser puro, e procurar superar isso e ir para algo mais direcionado a Deus”, aconselhou Piper.
“Não pense que estou isolando esse como o pior de todos os pecados. É parte de um defeito do qual compartilhamos. Penso que a minha personalidade está quebrada. Eu poderia ser mais específico, [e] teria a ver com ira e vitimismo. Eu sou programado para gostar bastante de alguns pecados. Penso que é, em parte, genético. Eu via isso em minha avó e minha mãe, como algo de família. E é apenas eu. Eu estou quebrado. Eu posso escolher deixar esse pecado me governar e me fazer pecar, ou posso escolher lidar com o defeito que tenho e tentar seguir meu caminho em meio aos meus defeitos, fazer o bem pelos outros e evitar tantos pecados quanto puder”, concluiu.
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por Tiago Chagas / Gospel +