A classificação do Bahia às quartas de final da Copa do Brasil veio com doses de emoção. A vaga só foi confirmada nos pênaltis, após o empate em 1×1 no tempo regular, na Arena Fonte Nova. Mas o goleiro Marcos Felipe brilhou, o Esquadrão se deu melhor nas cobranças e venceu as penalidades por 4×3, na noite desta quarta-feira (31).
Em entrevista coletiva depois da partida, o técnico Renato Paiva elogiou o rival e assumiu que a atuação tricolor esteve abaixo do esperado. Mas, no fim, viu o Bahia como merecedor da vaga na próxima fase.
“Nota máxima. O Santos foi um digno vencido na eliminatória. Fizeram um bom trabalho. Depois, somando os dois jogos, acho que somos os justos vencedores desta eliminatória. Pelo que fizemos na Vila Belmiro. Hoje, não fizemos um jogo espetacular, estava travado. Talvez pelo receio das equipes em arriscar, por ser uma decisão”, avaliou.
“Depois, valorizar a crença, o espírito, o sacrifício e o profissionalismo dos meus jogadores. Tudo nos aconteceu no jogo. Duas substituições forçadas, uma em cada tempo, o que me condiciona a ter que levar mais para a frente a última substituição. Até nisso, ficamos condicionados. Sofrer o gol quase no fim. Tivemos a oportunidade para fechar o jogo, outra vez. No pênalti decisivo, Ademir não converte e vamos para a loteria das emoções”, completou.
Os dois gols do duelo foram marcados no segundo tempo. Cauly abriu o placar aos 23 minutos, mas Bruno Mezenga empatou para o Santos já nos acréscimos e levou a decisão para os pênaltis. Nas cobranças, o goleiro Marcos Felipe brilhou com duas defesas e garantiu ao Esquadrão a vaga nas quartas. Paiva exaltou a confiança que sua equipe teve até o fim.
“Seria uma crueldade gigantesca se não passássemos. Repito, não fazendo bom jogo hoje, mas fizemos na Vila Belmiro. Parabéns aos meus jogadores pelo espírito que tiveram. Não é fácil estar quase a ganhar e a dois minutos do fim ter que ir aos pênaltis. E conseguimos dar uma resposta a isso. E quero também enaltecer o apoio que eu pedi do estádio porque foram 90 minutos a puxar pela equipe”, disse.
O jogo, porém, terminou com duas preocupações. Jacaré e Biel sentiram dores na coxa e precisaram ser substituídos, um em cada tempo. Com isso, são dúvidas para os próximos compromissos na temporada. “Há lesões musculares claríssimas e que vão ter que levar tempo de recuperação. Agora vamos ter que saber a dimensão das mesmas, se são muito graves ou menos graves, mas são lesões”, falou Paiva.
As partidas das quartas de final da Copa do Brasil estão marcadas para as semanas dos dias 5 e 12 de julho. O próximo adversário do Bahia será conhecido por sorteio, em data que ainda será divulgada.
O técnico do Bahia também falou sobre o emocional dos jogadores. Com o empate com o Santos na Fonte Nova, já são seis jogos sem vencer. Mas, mesmo sem acabar com o jejum, a equipe garantiu a classificação no torneio nacional.
“Um pouco também dos fantasmas dos últimos jogos. Jogos que fomos bem e não marcamos gols. Isso também pesa no emocional dos jogadores. Mesmo não jogando bem na primeira parte, as melhores oportunidades foram nossas. Na segunda parte, mesmo no nosso gol, o Ademir ainda perdeu antes com o gol aberto. A ansiedade é normal. Hoje aumentou porque foi um jogo eliminatório. Isso pesa um pouco, mas acabou que tudo ocorreu bem”.
O Esquadrão agora volta suas atenções para o Brasileirão, competição em que beira a zona de rebaixamento. O time ocupa o 16º lugar na tabela, na porta do Z4. No próximo sábado (3), às 16h, enfrenta o Fortaleza fora de casa, pela 9ª rodada.
Confira outros trechos da entrevista de Paiva:
Escolha por Cicinho
A mim cabe treinar e colocar os jogadores para jogar. Sei das respostas que eles podem entregar. Não me surpreendo com o Cicinho, ele só não joga mais porque o Jacaré vive ótimo momento. Eu sei que ele está bem, ele também sabe. Se as pessoas gostam ou não gostam, uma coisa tenha certeza, não tenho dúvidas que, se a torcida apoiar os jogadores, é muito mais fácil para eles. Estaremos muito mais perto de ter sucesso. Se a torcida xinga, pode ser algo cultural, mas eu não consigo entender. No intervalo, no fim, se manifestem, têm esse direito. Mas, durante, que a gente viaje todos juntos.
Gol sofrido e problema defensivo
Trabalhar. Temos que trabalhar. Hoje foi de bola parada porque, de fato, em jogo jogado, o Santos não teve oportunidades. Volto ao jogo do Internacional, quero deixar essa nota, porque acho que é importante. Somos a sexta equipe do campeonato que menos finalizações concede. Portanto, não somos uma equipe que se defende mal. Temos que ajustar os problemas individuais. Houve um problema individual no gol sofrido hoje outra vez. Temos que corrigir isso, não consigo explicar de outra forma, mas estaria mais preocupado se o volume do adversário fosse de criar oportunidades atrás de oportunidades. Hoje quase nada, e no escanteio, gol deles.
Conversa antes dos pênaltis e confiança
É isso. Melhorar os números, não tem outra forma. Há formas de ganhar e perder. Perder jogando bem ou jogando mal. Ganhando ou perdendo jogando mal, você estará longe de continuar a ganhar. Queria mais resultados? Claro. Mas não vou desistir. É trabalhar, continuar a acreditar e esperar que as coisas virem para nós. Em relação ao que disse aos jogadores, pedi que tivessem muita crença e confiança, porque o trabalho feito por eles tinha que nos trazer justiça. Eles foram melhores em Santos e hoje. Não poderia haver uma justiça maior. Eles precisavam sentir essa justiça de ganhar a eliminatória na marca do pênalti. Um dia tem que haver justiça, mesmo com todas as dificuldades, seria um golpe muito cruel se não ganhássemos hoje.
Classificação ajuda no Brasileiro?
Confiança para finalizar melhor, para tomar decisões, essa confiança vem com resultados. Coletivamente a equipe vai mostrando uma cara, vai crescendo. É importante, mesmo sem jogar bem, ganhar. Percebo a ansiedade dos jogadores. Contra o Internacional, quando eles fazem o primeiro gol, olho para minha equipe e vejo eles com aquela cara de “outra vez”. Ansiedade se combate com trabalho e com ajuda dos resultados, não há outra forma de fazer isso.
Trabalho psicológico
Crescimento. Do jogo do Fortaleza até hoje, já passaram muitos jogos, muitos treinos. Crescimento e trabalho diário. Óbvio que a equipe de psicologia ajuda os jogadores e a equipe técnica. De fato, eu gosto de ser o psicólogo dos jogadores, mas até onde posso ir, porque não sou formado em psicologia. Dar a eles confiança e ferramentas de jogo, para que cresçam individual e coletivamente. Por isso que peço tempo, somos uma equipe diferente desse dia. Não só em jogadores, porque chegaram muitos, mas em crescimento de trabalho. Muitas vezes, os números não se traduzem em resultados. A grande fortaleza desse grupo é, mesmo nessas contrariedades, continuar a acreditar. Hoje, com esse somatório de contrariedades, voltaram a acreditar. Não abandonaram, chegaram ali e decidiram uma eliminatória. Não vejo nada a não ser trabalho. Claro que a parte psicológica é fundamental, tudo começa na cabeça. Continuar a fazer crescer a equipe. Fortaleza, depois vamos ter uma semana outra vez livre para trabalhar contra o Cruzeiro. Vamos aproveitar para crescer mais e ser efetivos. Isso que temos que ser.
Confiança no time para um ano tranquilo
Total e absoluta. Confiança no meu grupo, no grupo de trabalho, nos meus jogadores. Disse que seríamos uma equipe de menos a mais. Está custando a arrancar, a decolar, é verdade. Em especial, nos resultados. Se o torcedor está um pouco mais impaciente, porque é emoção, porque quer ver sua equipe ganhar sempre, entendo. Mas nós somos muito conscientes do que estamos fazendo, do ano zero que é este. (Correio)