A tirzepatida, também comercializada sob o nome Mounjaro, ganhou destaque inicialmente por sua capacidade de promover a perda de peso rápida e sem efeitos colaterais significativos. Agora, novas pesquisas indicam que esse medicamento, apelidado por alguns como o ‘Ozempic dos ricos‘, pode ser uma alternativa promissora no tratamento de outra condição crônica: a apneia obstrutiva do sono (AOS).
No final de junho, resultados da fase 3 do estudo Surmount-OSA revelaram que a tirzepatida conseguiu reduzir em até 62,8% os eventos de apneia em participantes com obesidade severa. Esses indivíduos, que incluíam tanto aqueles que utilizavam o aparelho CPAP para manter as vias aéreas abertas durante o sono quanto aqueles que não utilizavam, experimentaram uma diminuição significativa nos episódios de apneia em comparação com aqueles que receberam placebo.
“Trata-se de uma publicação importante, envolvendo estudos que exploraram os efeitos de um medicamento promissor no tratamento da obesidade, um fator de risco significativo para a apneia do sono, na redução da gravidade desse distúrbio do sono”, afirmou o Dr. Luciano Drager, cardiologista e presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS).
A apneia obstrutiva do sono não se limita ao simples ronco durante o sono; ela envolve paradas respiratórias que podem resultar em complicações graves como hipertensão, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. A obesidade é um dos fatores mais comuns associados à apneia do sono, afetando até 50% dos pacientes obesos, e em casos de obesidade extrema (IMC superior a 30), a condição é ainda mais prevalente.
Embora a tirzepatida tenha sido aprovada no Brasil apenas para o tratamento de diabetes tipo 2, e ainda não esteja amplamente disponível no mercado nacional, estudos recentes mostraram que ela pode proporcionar uma redução significativa no peso corporal, até 26%, semelhante aos resultados observados em cirurgias bariátricas. Este efeito positivo na perda de peso pode ser o principal mecanismo pelo qual o medicamento melhora a apneia do sono.
Para o Dr. Luiz André Magno, diretor médico da farmacêutica Eli Lilly, que produz o Mounjaro, os resultados são animadores e indicam um potencial significativo para beneficiar aqueles que sofrem com apneia obstrutiva do sono. Ele destacou a importância de novos estudos envolvendo diferentes grupos de pacientes para validar ainda mais o uso da tirzepatida nesse contexto.
Atualmente, o tratamento da apneia obstrutiva do sono envolve principalmente mudanças nos hábitos de vida, como dieta e exercícios físicos, além do uso do CPAP como terapia padrão. A introdução de medicamentos como a tirzepatida pode representar uma nova era no manejo dessa condição, oferecendo uma opção adicional para pacientes que buscam alternativas ao tratamento convencional.
