Esta terça-feira (5) marca o último dia para os eleitores americanos escolherem entre Kamala Harris e Donald Trump, mas o fim da votação não significa o encerramento definitivo da eleição. Com uma disputa tecnicamente empatada, analistas apontam que este pode ser um dos pleitos mais apertados da história dos Estados Unidos.
Assim como em 2016, quando Hillary Clinton venceu no voto popular mas perdeu no Colégio Eleitoral, existe a possibilidade de Kamala Harris obter mais votos no total e, ainda assim, não se eleger. O sistema eleitoral dos EUA é indireto: cada estado possui um número de delegados que compõem o Colégio Eleitoral, e o candidato que alcançar 270 votos será o vencedor.
Atualmente, Kamala conta com 226 delegados garantidos, enquanto Trump soma 219. Restam 93 delegados distribuídos entre sete estados, onde as votações permanecem indefinidas. Os principais focos para a candidata democrata são Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, onde a tradição da “muralha azul” favorece os democratas.
No entanto, se Trump conquistar ao menos um desses estados, como a Pensilvânia, que oferece o maior número de delegados em disputa, a trajetória de Kamala se tornará mais complicada.
Trump, por sua vez, segue em uma estratégia focada nos estados do Cinturão do Sol e aposta no apoio de eleitores brancos sem diploma e jovens do sexo masculino, grupos que tendem a apresentar uma menor participação eleitoral. Em contraste, Kamala concentra-se nos votos femininos e de eleitores brancos com ensino superior, além de intensificar ações para preservar a muralha azul, realizando eventos nas principais cidades da Pensilvânia.
As expectativas sobre o anúncio do vencedor são cautelosas, pois o processo de contagem de votos, especialmente nas cédulas enviadas por correio, pode se estender.
Nos estados decisivos, como Pensilvânia e Wisconsin, a contagem pode demorar dias. Isso se agrava com a possibilidade de recontagens automáticas, caso a diferença entre os candidatos seja mínima, como prevê a legislação em Arizona e Pensilvânia.
A contagem antecipada dos votos pode não ser suficiente para declarar um vencedor na noite desta terça-feira. Nos últimos dias, Trump já anunciou que se proclamará vencedor caso os resultados preliminares o favoreçam, uma situação que, se ocorrer, pode intensificar as tensões e gerar desordens nos locais de votação.
Além do desfecho da votação desta terça, outras datas podem impactar o processo eleitoral: em 11 de dezembro, cada estado deve certificar o resultado; em 17 de dezembro, o Colégio Eleitoral se reúne; e em 6 de janeiro, o Congresso ratifica o resultado.
Em caso de contestação nas próximas etapas, o Congresso pode, em última instância, decidir a eleição, caso questione a lisura do processo.