O valor do pedágio para caminhões nas BRs-324 e 116, no trecho da futura concessão conhecida como Rota 2 de Julho, pode subir de forma alarmante, segundo alerta feito por representantes do setor de cargas. O tema foi discutido na última sessão da Audiência Pública da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), realizada na última terça-feira (20), em Brasília.
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Usuários de Transporte de Cargas (ANUTC), André Siqueira Aguiar, o novo modelo de cobrança pode representar um aumento de até seis vezes no pedágio para veículos pesados que utilizam o trecho por completo.
“Um caminhão de 5 eixos paga hoje R$ 185,00. Com o novo modelo, esse valor pode chegar a R$ 580,00 no segundo ano de concessão e até R$ 700,00 nos anos 7 e 8”, afirmou Aguiar, em participação remota na audiência.
Além do impacto financeiro, o novo contrato prevê a duplicação do número de praças de pedágio ao longo da via e a implantação de uma terceira faixa na BR-324 em ambos os sentidos.
Investimentos só a partir do terceiro ano
Durante a audiência, a ANTT confirmou que os dois primeiros anos de concessão não terão novos investimentos estruturais. O foco inicial será em recuperações emergenciais de pavimento, sinalização e segurança viária. As obras mais profundas e melhorias completas estão previstas apenas para os seis anos seguintes.
O superintendente de Concessão da Infraestrutura da ANTT, Marcelo Fonseca, explicou que as contribuições colhidas durante a audiência ajudarão a refinar o cronograma de obras e a calibrar os valores das tarifas.
“Estamos adotando cláusulas com critérios ambientais internacionais e penalidades claras em caso de descumprimento contratual”, garantiu Fonseca.
Quem quiser participar com sugestões ou críticas pode enviar contribuições até o dia 29 de maio, pelo site do Sistema ParticipANTT.
DNIT assume a operação das rodovias
Com o fim do contrato da ViaBahia em 15 de maio, a gestão dos trechos passou para o comando do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que agora responde pela manutenção e operação das BRs 324 e 116 de forma provisória, até que uma nova concessionária assuma a concessão.
Segundo o superintendente regional do DNIT na Bahia, Roberto Alcântara, serão investidos até R$ 400 milhões na gestão emergencial. Os serviços essenciais como guincho, ambulância, monitoramento, remoção de animais e combate a incêndios serão mantidos.
“Vamos recuperar essas rodovias, que sofreram muito. A população pode esperar mais segurança e qualidade nas pistas, mesmo durante essa gestão provisória”, disse Alcântara.
A transição foi feita com intermediação do TCU, que autorizou o encerramento do contrato com a ViaBahia em 31 de março, mediante o pagamento de R$ 892 milhões à concessionária.