Uma festa para as velhinhas. Assim Heloisa Buarque de Hollanda define esse momento de redescoberta do feminismo. “Todo mundo achou que ia acabar quando a gente morresse, e então tivemos esse susto fantástico, que é toda uma geração botando para quebrar”, diz a pesquisadora que vem dedicando sua vida aos estudos culturais, durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em sua casa no Rio. Ela se refere primeiro ao apagão que o ativismo sofreu dos anos 1990 aos 2000, com as principais demandas atendidas e as ativistas não mais na luta, mas nos lugares de ação. E depois, a essa nova geração que vem se descobrindo feminista desde 2013, quando o brasileiro foi às ruas protestar por causas diversas. Às vésperas de completar 80 anos e à frente de cursos e laboratórios na UFRJ, ela percebeu, também durante a elaboração de Explosão Feminista, publicado no fim do ano, que as novas ativistas “sabem o que querem, vão à luta, têm elementos e hormônios, mas têm carência de repertório”. Por isso quis organizar um livro que funcionasse como uma espécie de curso, que sugerisse um percurso de leitura – e acabou fazendo dois, que chegam às livrarias pela Bazar do Tempo nos próximos dias, com eventos de lançamento em São Paulo, no Rio e em Porto Alegre previstos para maio. Pensamento Feminista – Conceitos Fundamentais reúne textos de 13 autoras, entre as quais Judith Butler, Audre Lorde, Donna Haraway, Nancy Fraser, Lélia Gonzales, Sueli Carneiro e Paul B. Preciado. Heloisa conta que optou por deixar de fora “as antigas” (Virginia Woolf, Simone de Beauvoir, Betty Friedan, etc.) por considerar que seus trabalhos estão à mão. (Isto é)