A advogada Drª. Fernanda Barbosa é a nova vice-presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da OAB/BA (Ordem dos Advogados da Bahia), ela esteve no programa das 12h30 do Voz da Bahia desta segunda-feira (21) e contou sobre sua nova responsabilidade dentro da instituição, além de, explanar sua opinião sobre um assunto, que nos últimos dias se tornou polêmico: o de uma mulher que foi algemada e levada para delegacia por praticar o ‘topless’ em uma praia do Espírito Santo.
COMISSÃO DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS DA MULHER:
Inicialmente, Fernanda revela que está à frente da Comissão de Proteção aos Direitos das Mulheres da OAB Bahia, “missão dada tem que ser missão cumprida, fico muito feliz e grata pelo convite da presidenta Daniela Borges e pela confiança. Acredito que efetivamente seja um reconhecimento a OAB subseção de Santo Antônio de Jesus e a todo trabalho que nós já vimos fazendo há anos. A nossa preocupação é trazer um mundo melhor para as mulheres, a comissão não é nova, ela já existia e vinha realizando trabalhos, só que eu era membro e não vice-presidente. Hoje, assumo esse cargo com a maior responsabilidade, alegria e gratidão e dizer que estamos aqui porque aquele velho ditado — ‘se você não serve para servir, você não serve para viver’ — então mais uma vez, fico feliz pela confiança e acredito que vamos construir um novo tempo para as mulheres, para as nossas queridas advogadas e principalmente para Ordem da Bahia”, explicou.
POLÊMICA DO TOPLESS NAS PRAIAS:
ENTENDA O CASO:
No ultimo dia 31, a artista Ana Beatriz Coelho foi detida, algemada e levada a uma delegacia por ter feito topless em uma praia (reveja aqui). A ex-namorada da atriz Camila Pitanga fez o relato através do Instagram, onde também publicou uma série de fotos do ocorrido.
“O que pode acontecer com uma mulher que faz topless no Brasil?”, escreveu Ana em uma foto sem biquíni. A imagem mostra policiais próximos a ela, e na seguinte ela está detida dentro de um carro de polícia. Já na delegacia, ela mostra que seus pés foram algemados. “O mais irônico é que ao meu lado na delegacia tinha um homem aguardando sem camisa. Nem dentro de uma delegacia um homem precisa estar vestido”, criticou a artista. “Eu e minha amiga estamos liberadas, mas até que ponto é possível estar bem nesse país? Votem direito”, pontuou Beatriz.
O DEPUTADO APRESENTA NOVO PROJETO:
O deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) apresentou, na quinta-feira passada (10), um projeto de lei para que a exposição do corpo humano acima da linha da cintura, ou topless, não seja classificada como um ato obsceno (saiba mais aqui).
OPINIÃO DA NOVA CONSELHEIRA DA OAB/BA:
A respeito desse caso específico, Drª. Fernanda pontuou que o código penal do Brasil é ultrapassado e possui uma lei com as lacunas, “o ato obsceno está previsto no Código Penal, mas ele não vem especificando o que é considerado ato obsceno, temos homens que andam sem camisa, andam até sem cueca e ninguém questiona nada, é sempre o corpo da mulher que é tido como propriedade da sociedade, então todo questionamento é em cima do corpo da mulher, é àquela que não está dentro daquele padrão de beleza, é que não está usando a roupa ‘adequada’, o que se declara tendência da moda do momento, então, toda a cobrança de corpo e estereótipo é com base na mulher, porque o nossos corpos sempre foram propriedades dos nossos pais, dos nossos maridos, da sociedade, então há uma construção histórica por trás de tudo isso, algumas pessoas, infelizmente tem esse tipo de pensamento”, pontua.
A advogada ressalta que a artista Ana Beatriz foi violentada, “bastava que pedisse para colocar a blusa, mas tinha que se punir, expor, tinha que algemar, levar para delegacia, noticiar isso como se fosse um absurdo, então, além da violência física, ela sofreu uma violência psicológica e moral enorme, uma exposição gritante de uma mulher que estava com seu corpo na praia de modo natural, fizeram uma celeuma que não precisava”, declarou.
Reportagem: Voz da Bahia