Ana Flavia Cavalcanti fala da série ‘Histórias Impossíveis’ e de bissexualidade: ‘Me interesso pela pessoa, não pelo sexo’

“Eu ativo o que acredito”.

Ana Flavia Cavalcanti e Kika Sena estão em 'Falas de Orgulho', que mostra a história de amor entre uma mulher cis e uma mulher trans — Foto: Divulgação

Na semana em que se celebra o Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, Ana Flavia Cavalcanti vai ajudar a jogar luz sobre as lutas da comunidade através da série “Histórias impossíveis”, da TV Globo. Ela estrelará o episódio “Sísmicas”, que vai ao ar nesta segunda (26). Na trama escrita por Renata Martins, Jaqueline Souza e Grace Passô, a atriz interpreta Lena, mulher cis que, ao lado da namorada, Kátia (Kika Sena), mulher trans, enfrenta ameaças que colocam em xeque o relacionamento.

— A sociedade ainda não dá conta de respeitar as diferenças. Não sei se levanto bandeiras. Eu ativo o que acredito — afirma Ana Flavia, que também está no ar na novela “Vai na fé” e na série “Os outros”.

Bissexual, a atriz conta já ter sofrido resistência às suas escolhas afetivas dentro de casa. Mas hoje, sua mãe, Val Cavalcanti, é uma das grandes amigas:

— No início foi mais difícil, mas tudo se acertou rápido. Não foi um grande choque. Mas a sociedade força o padrão de pessoas hétero, casadas. O Brasil é um país muito aberto, mas ao mesmo tempo muito careta.

A chegada dos 40 anos fez Ana Flavia refletir sobre a maternidade. O desejo ficou ainda mais forte quando ela conheceu o ator que será seu filho no filme “Baby”, de Marcelo Caetano, rodado no mês de agosto:

— Sinto vontade de ter pelas vias naturais ou por adoção. Tenho uma rede de apoio linda.

Atualmente, Ana Flavia está solteira.

— Já tem um tempo. Me interesso pela pessoa, não pelo sexo. Acabo abrindo mais o leque de possibilidades — brinca ela.

Outro projeto em que a atriz vai tratar de inclusão e diversidade é na peça “Confort”, que começa a turnê em agosto. Ela conta em cena as memórias da primeira infância, período em acompanhava sua mãe no trabalho:

— Eu também fui trabalhadora doméstica. Quando jovem não imaginava que teria a vida que tenho hoje. Não tínhamos perspectiva, principalmente as crianças da periferia. Mas depois que entrei para a escola de teatro desenhei uma carreira de sucesso e fui com tudo.

Ana Flavia é de Diadema, em São Paulo, e teve muitas atividades para garantir seu sustento e o da família. Também trabalhou em salão de cabeleireiro e estudou Enfermagem. Quando conseguiu entrar no teatro, após cinco anos sonhando com o curso, conquistou oportunidades na Globo, em 2014.

— Em “Malhação” já me sustentava com atuação. Foi um marco na minha trajetória. Até hoje me chamam na rua de Dóris, minha personagem na novela. Me abriu frentes. Dirigi filme, escrevi série e tive muitas outras oportunidades ligadas à arte. (OGlobo)

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