O feriado de 14 de julho na França, que marca a Queda da Bastilha, teve protestos dos coletes amarelos na avenida Champs Elysées, em Paris, poucas horas depois de o presidente Emmanuel Macron liderar a parada militar ao lado de líderes europeus. O ato terminou em confronto com a polícia. Logo após o desfile terminar, a avenida foi reaberta para o tráfego, mas um grupo de pessoas ligadas ao movimento coletes amarelos tentou ocupar a via. O canal de televisão BFM mostrou imagens da polícia atirando as bombas para dispersar os manifestantes, alguns mascarados, que tentaram bloquear o caminho com barricadas de metal, lixeiras e ouros utensílios. Manifestantes ligados ao movimento de coletes amarelos entram em confronto com a polícia após desfile militar em celebração ao aniversário da Queda da Bastilha Kenzo Tribouillard/AFP Manifestantes ligados ao movimento de coletes amarelos entram em confronto com a polícia após desfile militar em celebração ao aniversário da Queda da Bastilha Mais cedo, a polícia francesa disse que 152 coletes amarelos foram detidos. Segundo o jornal Le Monde, a maior parte foi por infrações de organização de manifestação não declarada, desacato a autoridade, degradação de bens públicos e porte ilegal de arma. Dois líderes do movimento foram colocados sob custódia por organização de manifestação ilícita, ainda de acordo com o jornal francês. Outro líder também foi detido, mas não o motivo não foi divulgado. Esta foi a primeira vez que os “coletes amarelos” protestaram na Champs-Elysées desde 16 de março.
Antes da confusão, face ao brexit e a uma reconfiguração dos laços transatlânticos sob a era Trump, o presidente francês defendeu seu projeto de defesa europeia, considerando crucial para o velho continente melhorar a sua autonomia estratégica, em complemento da Otan. Macron abriu as festividades ao percorrer a avenida Champs-Elysées a bordo de um carro de comando, antes de passar em revista as tropas ao lado do chefe de Estado-Maior.
Vaias foram ouvidas por parte de alguns coletes amarelos que conseguiram se misturar na multidão. O presidente então ocupou seu assento na tribuna presidencial instalada na place de la Concorde, onde vários líderes europeus esperavam por ele, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel. Em frente à multidão reunida no coração da capital, o campeão mundial francês de jet-ski Franky Zapata ofereceu um impressionante espetáculo futurista voando, com uma arma na mão, várias dezenas de metros acima da Champs-Elysées em seu Flyboard Air, que ele mesmo inventou. Esta plataforma voadora propulsada por jatos de ar é de interesse das forças especiais francesas. O Flyboard permitirá “testar diferentes usos, como uma plataforma de logística voadora ou uma plataforma de assalto”, disse neste domingo a ministra dos Exércitos, Florence Parly.
Entre a multidão, Thomas, 39, engenheiro, carrega seu filho de 5 anos nos ombros com a bandeira francesa na mão. “Estávamos em Paris e decidimos estender nossa estada, para que as crianças pudessem ver o desfile. Para ensinar a elas o respeito, que vejam aqueles que lutam por nós”, disse ele à AFP.
Para esta edição de 2019, a França convidou uma dúzia de parceiros europeus de seu Exército para participar do tradicional desfile militar.
“Este ano haverá muitos militares de Exércitos europeus. Este será um belo símbolo da defesa europeia que estamos construindo, que, como vocês sabem, é uma prioridade do meu mandato”, disse no sábado o chefe do Estado francês. “Agir juntos não significa renunciar ou diminuir a soberania nacional, nem, é claro, renunciar à Aliança Atlântica”, ressaltou. Além da chanceler alemã, que tem preocupado a opinião pública após três episódios de tremores, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, estão entre os 11 convidados europeus do presidente francês. Eles foram convidados para almoçar no Palácio do Eliseu após o desfile. A primeira-ministra britânica Theresa May é representada pelo vice-primeiro-ministro David Lidington. Os nove países que participam ao lado da França na Iniciativa Europeia de Intervenção (IEI) –nascida há um ano sob a liderança de Macron– foram representados no desfile: Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Estônia, Espanha, Portugal e Finlândia, todos representados em Paris pelos seus chefes de Estado, de Governo ou Ministro da Defesa. O desfile aéreo, aberto com fumaça nas cores da bandeira francesa, teve a participação do avião de transporte alemão A400M e de um espanhol C130. Entre os helicópteros que fecharam o desfile estiveram dois Chinooks britânicos. O Reino Unido, que atualmente fornece ao Exército francês três helicópteros de carga pesada no Sahel, acaba de estender seu compromisso até junho de 2020, para satisfação de Paris, que carece desse tipo de equipamento. No total, cerca de 4.300 militares, 196 veículos, 237 cavalos, 69 aviões e 39 helicópteros foram mobilizados para o evento organizado na famosa avenida no coração da capital francesa. (Bahia Notícias)