Amigos de longa data, o apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, de 86 anos, usou o perfil no Instagram para homenagear Jô Soares, que morreu na madrugada desta sexta-feira (5). Muito emocionado, o humorista disse explicou o motivo de não querer dar entrevistas para falar sobre o assunto.
“Vocês talvez possam não entender de eu não ter dado nenhuma declaração. Talvez não possam compreender que, em vez de uma roupa bonita, eu estou com o meu pijama. Mas quero que vocês entendam uma coisa: eu fiz uma troca, eu troquei as dezenas de pedido de entrevista pelo silêncio”, começou ele, com a voz embargada.
Em lágrimas, Carlos disse que precisava desse tempo para se despedir. “Eu queria que o meu choro fosse só meu, porque a vida não é só sucesso, não é só dinheiro, é o que a gente planta, são as amizades que a gente tem. Eu chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira. Não conheci ninguém mais culto do que o Jô”, continuou.
“Eu chorei o amigo, eu chorei o que me lembrei de quando cada um comprou um carro, o dele pegou fogo e o meu veio quebrado. Nós tínhamos 20 e poucos anos e falei: ‘Jô, vou devolver esse carro e, se ele não aceitar, eu vou dar uma surra nesse cara’ e sabe o que o Jô falou? Como não sei brigar, ele disse: ‘Eu vou sentar em cima dele’. Ele tinha 150 quilos naquela época”, lembrou.
O apresentador do SBT também lembrou da época em que defendeu o amigo durante a ditadura militar. “”Eu chorei pela ditadura que não permitia que se lessem determinados livros que eles queimavam. E várias vezes eu estava na casa do Jô e telefonavam dizendo: ‘Olha, os homens estão procurando livros’. Eu tinha um carro com porta-malas grande, e a gente corria, botava os livros e levava meu carro para o estacionamento. Dias depois, trazia os livros de volta. Chorei coisas que a televisão nunca viu. A simplicidade, o respeito que o gênio tinha por um redator que estava começando. Nós nunca disputamos uma liderança”, explicou.
No relato, Carlos Alberto relembrou ainda o período em que ambos ficaram separados. “Só que a vida nos separou. Na Globo, quando não tinha mais o meu lugar que eu achava que deveria ter nos Trapalhões, eu pedi para trabalhar com ele. Mas eles não deixaram. Eu saí vim para o Silvio Santos”, disse.
“Uma das primeiras coisas que eu fiz quando assumi a direção artística foi trazer o Jô para trabalhar comigo”, disse. (BN)
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