Um dia depois da Jovem Pan anunciar a demissão do comentarista de extrema-direita Rodrigo Constantino, a Record também decidiu desligá-lo nesta quinta-feira (5). Decisão vem após o colunista dizer em transmissão ao vivo que castigaria a própria filha caso ela fosse estuprada.
Em nota, a Record disse que “a decisão foi tomada em virtude das posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher, em canais que não têm nenhuma vinculação com nossas plataformas. O jornalismo dos veículos do Grupo Record tem acompanhado com muita atenção o caso de Mariana Ferrer e o Grupo não poderia, neste momento, deixar qualquer dúvida de que justiça não se faz responsabilizando ou acusando aqueles que foram vítimas de um crime”.
“Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica”, prossegue a nota. A informação é da coluna de Mauricio Stycer, no UOL.
Nas redes sociais, Constantino atribuiu sua demissão a uma suposta pressão de anunciantes. “A Record foi mais um veículo que não aguentou a pressão. O departamento comercial pede ‘arrego’, pois recebe pressão de fora, dos chacais e hienas organizados, dos ‘gigantes adormecidos’. Sim, perdi mais um espaço, mas sigo com minha total independência e com minha integridade”, afirma.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, mais cedo, o colunista minimizou o caso de Mariana Ferrer, influenciadora que denunciou ter sofrido um estupro em Santa Catarina em um caso que ganhou holofote nacional, e sugeriu que a culpa por um abuso sexual seria da vítima e não do agressor ao dizer que castigaria sua filha se ela passasse por uma situação do tipo.
“Se minha filha chegar em casa, eu dou boa educação para que isso não aconteça, mas a gente não controla tudo, se ela chega em casa e fala: ‘pai, fui pra uma festinha e fui estuprada’. Eu vou falar: ‘Me dá as circunstâncias’. ‘Ah, fui pra uma festinha, eu e três amigas, tinha 18 homens, nós bebemos muito, tava ficando com dois caras e eu acabei dormindo. Fui abusada’. Ela vai ficar de castigo feio, eu não vou denunciar um cara desse pra polícia”, disparou Constantino.
Apesar das demissões e dos ataques que têm recebido, o comentarista continuou a atacar mulheres nas redes sociais. Ele compartilhou a foto de uma influenciadora digital em seu perfil no Twitter dizendo que ela é “vulgar ao extremo” e usa o corpo para ter seguidores.
Em outro tuíte, Constantino disse que muitas mulheres “femininas” têm prestado apoio a ele e aproveitou para atacar feministas. “Muitas mulheres mandando mensagens de apoio, dizendo-se chocadas com a canalhice de quem DISTORCEU totalmente o que eu disse. Criaram até a hashtag #MulheresComConstantino Valeu mesmo, turma! Vcs são FEMININAS, MULHERES de verdade. Já feminazi nem mulher é; é bicho rancoroso”, disse. (Fórum)