Após passar 85 dias internado e ter diversas complicações por causa da Covid-19, o sargento do Corpo de Bombeiros Jeovanildo Oliveira, de 51 anos, foi homenageado pelos colegas da corporação ao receber alta do Hospital Português, em Salvador, na tarde desta sexta-feira (11). Em entrevista ao G1, a esposa dele, que também é sargento, conta que a recuperação do marido foi “um milagre”.
A recepção foi feita pela corporação do 12° Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) / SALVAR, unidade em que os dois são lotados. Familiares também acompanharam a saída dele do hospital. Por meio de nota, a corporação informou que prestou apoio à família, durante o período em que ele esteve internado. Ao saber que ele receberia alta, a corporação organizou a recepção, para celebrar a vida do sargento.
De acordo com Janaína Oliveira, no dia 7 de março, ela testou positivo para a doença. Na mesma semana, o sargento e as duas filhas do casal, de três e 15 anos, também apresentaram sintomas da doença. Ela acredita que pegou a doença por trabalhar na linha de frente, em contato com várias pessoas. Na época, os dois não haviam sido vacinados contra a Covid-19.
As duas meninas não fizeram teste, mas Jeovanildo teve diagnóstico positivo. Por causa da doença, Janaína foi internada no Hospital Português, no dia 12 de março. Ela teve alta, mas precisou voltar para a unidade. Seis dias depois, foi a vez do marido, quem tem histórico de hipertensão, dar entrada no hospital.
“No dia 12 eu me internei, mas não fui para a UTI. Saí de lá no dia 14, com 75% dos pulmões comprometidos, mas eu voltei no dia 15. Precisei voltar porque tive piora. Tive alta no dia 20 e no dia 18, ele deu entrada. Quando eu estava saindo, ele estava entrando”, relata.
Segundo a sargento, ele apresentou piora rápida no quadro de saúde. Três dias depois, em 21 de março, ele teve queda na saturação de oxigênio e foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ele chegou a sofrer um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI) e diversas infecções, enquanto esteve internado.
“Ele entrou dia 18 e o quadro se agravou muito rápido. Ele foi entubado poucos dias, teve sepse, AVC isquêmico, trombose e os rins foram comprometidos. Mas, para a glória, Deus livrou ele de tudo”, conta Janaína.
Por causa do quadro de saúde delicado, ela relata que a equipe médica chegou a não acreditar que Jeovanildo fosse sobreviver às complicações causadas pela Covid-19.
“Ele ficou em coma. Tiravam a sedação dele, e ele não acordava. Foi um milagre! Os médicos diziam que não acreditavam [na recuperação], foi uma vitória! O hospital, com toda a dedicação, agradeço a Angêeica… O médico maravilhoso, Dr. Alessandro, dizia que não iria desistir dele. Hoje, graças a Deus, o grande dia”, conta.
Apesar de ter recebido alta, ele vai continuar com os cuidados médicos em casa, por meio de home care. Por causa das complicações do AVC isquêmico, Jeovanildo perdeu parte do movimento do lado esquerdo do corpo e ainda precisou passar por uma traqueostomia. Aos poucos, ele voltou a recuperar os movimentos e a falar, mas ainda terá de passar por sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e nutricionista.
“Vencer a Covid-19, que é um vírus que machuca muito, é uma lição de vida. Ele ficou muito machucado, não só no físico, como também no psicológico. Agora é lutar para vencer mais essa etapa, para que as nossas vidas comecem a se encaixar na sua normalidade. Somos gratas ao senhor, e vamos viver um dia após o outro”, conta Janaína.
Ao todo, o sargento do Corpo de Bombeiros ficou internado na UTI por 25 dias, e mais 34 dias na unidade semi-intensiva. Depois, ele ficou na enfermaria do hospital até esta sexta, quando teve alta médica. Agora, a família vai seguir com a vida. Janaína já recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e o sargento vai receber assim que for liberado.
“Foram momentos difíceis. Nós tivemos apoio dos amigos, da nossa corporação, dos nossos pastores, das nossas irmãs da igreja, foi muita oração, e Deus respondeu a cada uma delas. Somos gratos por todos os milagres. Foram dias de experiência, dias de paciência, foram dias marcantes e de muita fé. As meninas diziam: ‘mãe, devolve meu pai’, e eu pedia para ela orar”, relembra a sargento. (G1)