Fora dos treinos da seleção brasileira na segunda (10) e também nesta terça-feira (11), Arthur, 22, preocupa a comissão técnica. O volante sofreu uma lesão no joelho direito na goleada por 7 a 0 sobre Honduras, no último domingo (9), e vem passando por tratamento na concentração da equipe nacional em São Paulo.
O jogador passou por exames de imagem, cujos resultados não foram divulgados pela CBF, mas neste momento sua presença na abertura da Copa América, na sexta-feira (14), contra a Bolívia, está praticamente descartada. A possibilidade de corte ainda não foi afastada, e a substituição de seu nome na lista teria de ser efetuada até 24 horas antes da estreia, com o aval da Conmebol.
O problema ocorreu no primeiro tempo do duelo com Honduras, em Porto Alegre, o último preparatório para a competição continental. Depois de dar um passe no círculo central, o volante sofreu uma dura entrada de Quioto, que acabou recebendo o cartão vermelho pelo violento carrinho com os pés erguidos.
Logo após a partida, passado o susto inicial, havia otimismo no vestiário verde-amarelo. O departamento médico da equipe nacional chegou a descartar a necessidade de exames complementares, e o técnico Tite dizia ter se tranquilizado por um papo com o próprio jogador na capital gaúcha.
“O Arthur está bem, conversei com ele agora. Ele disse: ‘Foi só uma pancada”. Vi no semblante, sem passar por cima do doutor [que não há preocupação]. O doutor vai passar para vocês, mas, só pelo estado anímico dele, foi só uma pancada”, afirmou o treinador, logo após a goleada do fim de semana.
Na segunda-feira, porém, a CBF informou que o atleta havia sido reavaliado e que o corpo médico tinha decidido realizar os exames de imagem que foram descartados anteriormente. Enquanto seus companheiros vêm treinando no Pacaembu, ele recebe atenção dos médicos no hotel Pullman, no Ibirapuera, onde está hospedada a delegação.
Arthur é um dos únicos dois jogadores –Richarlison é o outro– que atuou em todas as dez partidas do time desde a realização da última Copa do Mundo.
Logo no início do ciclo pós-Rússia, o treinador deixou claro que o jogador do Barcelona seria uma figura importante na nova etapa da equipe verde-amarela. “Ele acha a saída. ‘Acha Saída” é o apelido”, costuma dizer o gaúcho, referindo-se à capacidade do goiano de construir jogadas a partir do campo de defesa.
Quase certamente sem Arthur na estreia, Tite terá de optar entre Allan, 28, e Fernandinho, 34. O primeiro foi o escolhido no momento da contusão do titular contra Honduras, mas o segundo conta com a confiança do chefe, apesar das falhas cometidas nas últimas duas edições da Copa do Mundo, que o marcaram para boa parte dos torcedores.
Allan, do Napoli, é hoje considerado pelo técnico um jogador mais dinâmico, que transita com maior facilidade entre as duas áreas. Já Fernandinho, do Manchester City, tem um passe preciso —que encanta seu chefe na Inglaterra, Pep Guardiola— e pode adotar um posicionamento mais conservador, ao lado de Casemiro.
A primeira opção, de maior vigor, encaixa-se no plano de Tite de marcar no campo de ataque a saída do adversário, procurando sufocar o rival. Com o atleta mais experiente, porém, o gaúcho poderia dar maior liberdade aos laterais, sobretudo a Daniel Alves pela direita. Nessa segunda alternativa, Philippe Coutinho também ficaria mais livre, perto dos atacantes.
“O Fernandinho faz muito bem a função com a bola pertinho, com passe curto, com uma característica parecida com a do Arthur, de passe, posse, embora o Arthur se movimente mais. E o Allan é aquela transição ofensiva e defensiva com mais força, com mais movimentação. Temos essas possibilidades”, disse o auxiliar técnico Cleber Xavier.
Caso Arthur venha a ser cortado, essa será a segunda baixa da seleção na preparação para a Copa América. A primeira foi Neymar, que lesionou o tornozelo direito no amisto contra o Qatar, na última quarta (5), e foi cortado horas depois. Willian, do Chelsea, foi chamado para o seu lugar. (por Marcos Guedes | Folhapress)