Você pode assobiar, buzinar e até saudá-la com um “fala, minha extensa consagrada”.
A cobra não vai ligar. Não por antipatia, mas porque ela é surda. “As cobras não têm ouvido externo e possuem um rudimentar ouvido interno, que não escuta”, explica o diretor do Museu Biológico do Instituto Butantan, Giuseppe Puorto. O que desvenda outro mistério: o encantador de serpente faz a naja sair do cesto não por sua bela música, mas pelo movimento da flauta. “Ele aproveita o instinto da cobra naja, que, ao se sentir ameaçada, se ergue e abre o capelo (aquelas abinhas na cabeça)”, diz Puorto. Ficamos à disposição caso o Sindicato dos Encantadores de Serpentes queira se manifestar.
E já que estamos falando de cobras, pausa para o mito da cobra que come um elefante todinho – crédito da famosa aquarela em O Pequeno Príncipe. Elefante não dá. As maiores presas são veados e jacarés – o que já é impressionante, vamos convir. E a cobra precisa ser minimamente proporcional ao almoço: a maior discrepância de tamanho entre réptil e presa foi reportada em 2018, quando uma píton birmanesa de 14 kg morreu engolindo um cervo bebê de 16 kg.
Pergunta de Paulo Henrique Gurgel Silva, Acopiara, CE ao Superinteressante