O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, defensor do acusado André Camargo Aranha, que acabou sendo inocentado pela Justiça de Santa Catarina da acusação de estupro de vulnerável da influenciadora digital Mariana Ferrer, afirmou que atuou dentro dos limites legais, bem como, profissionais, em entrevista ao Estadão. Após a divulgação do vídeo da audiência do caso, em que o Intercept obteve acesso, o advogado tem sido bastante criticado diante sua postura com Ferrer.
O juiz aceitou a argumentação do promotor de ‘esturpo culposo’. Segundo o promotor responsável pelo caso, não tinha como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação.
O advogado expôs fotos de Mariana realizadas em um ensaio, afirmando que ela estava em “posições ginecológicas” e questionou insistentemente o motivo de ela ter apagado as imagens de suas redes sociais.
Além disso, quando Mariana começa a chorar, devido aos ataques, o advogado cita: “Não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lágrima de crocodilo.”
“Por que você apaga essas fotos, Mariana, e só aparece com a carinha chorando? Só falta uma auréola na cabeça”, diz. Ainda na audiência, ele diz que o “ganha-pão” da jovem é a “desgraça dos outros”.
Confira a entrevista do advogado ao Estadão:
O juiz se vale de literatura apresentada pelo MP para justificar a falta de dolo do estupro de vulnerável. Não há “estupro culposo” na lei, mas é isso que a decisão deixa transparecer?
Discordo. A investigação resultou em inquérito de 3 mil páginas. Foram ouvidas 22 testemunhas, 5 delas mais de uma vez, além do acusado e da autora. Seis exames periciais, busca e apreensão e perícia dos equipamentos eletrônicos. Em nenhum momento as provas comprovaram estupro.
Por que usou fotos da Mariana como modelo ao sustentar que a denúncia seria falsa?
Falou em “posições ginecológicas”. Os trechos distorcem o contexto. As audiências foram tensas e os embates entre defesa e Mariana foram constantes e longos. Dinâmicas entre a acusação e a defesa, especialmente em casos mais complexos, abrangem aspectos relacionados a hábitos, perfis, relacionamentos e posturas dos envolvidos. Minha indagação se referiu ao fato de ela ter mudado completamente o perfil de suas postagens após o início da denúncia infundada. Toda pessoa tem o direito de postar e tirar fotos como quiser e não deve ser julgada por isso. O ponto-chave é a mudança brusca de comportamento da Mariana para supostamente sustentar o estereótipo criado para a personagem que protagoniza o caso.
O senhor se arrepende de algum comentário sobre ela?
As dinâmicas entre acusação e defesa muitas vezes seguem ritos acalorados. Em face ao vazamento seletivo de áudios, imagens e trechos de um processo em sigilo de Justiça, lamento o mal-entendido caso alguém tenha se sentido ofendido. Tenho a convicção de ter atuado nos limites legais e profissionais, considerando-se a exaltação de ânimos que costuma ocorrer. (ATarde)