Uma Audiência pública foi realizada nesta terça-feira (05), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), para discutir os rumos da aplicação de agrotóxicos por meio de pulverização aérea , na Bahia.
Em entrevista ao BNews, o ex-vereador de Salvador e ambientalista, Marcos Mendes (PSOL) cita, como exemplo para embasar sua opinião contrário a pulverização aérea, a região de Lucas do Rio Verde, um dos maiores produtores de grãos do Brasil, no Mato Grosso do Sul, respaldado em um estudo realizado com 62 mulheres que estavam amamentando.
Segundo ele, “a pesquisa identificou, entre fevereiro e junho de 2010, que todas as mulheres avaliadas apresentaram em seus leites maternos algum tipo de agrotóxico e, em muitas delas, existiam seis tipos de veneno de agrotóxicos”.
“Imagine como não está a saúde das pessoas agora em 2023, após tanto tempo de uso de agrotóxicos. O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos do planeta e a Bahia, um dos maiores do Brasil”, disse o ambientalista.
E, de acordo com Marcos Mendes, existe um outro estudo da Fiocruz, em parceria com a Brasco, realizado em Correntina, onde foram analisadas todas as águas superficiais do município. “O levantamento constatou que, em todas essas águas existem, pelo menos, 27 tipos de veneno provenientes do agrotóxico. Como resultado, não existe uma família acometida de um tipo de câncer, principalmente de estômago e de intestino”
Por esse motivo, Mendes afirma que os agrotóxicos só trazem malefícios à sociedade em geral, em função da devastação do meio ambiente e do prejuízo à saúde das pessoas.
Na entrevista, o ambientalista também ressaltou que o mundo, principalmente a Europa, está fechando as portas para os produtos brasileiros “envenenados”. E arrematou: “O grande agro aqui deveria ser “agroecológico”, criando uma cultura completamente consciente, e nós poderíamos ser os promotores dessa conscientização ambiental. Todos perderíamos menos com isso e todo mundo ganharia em relação a isso”.
De opinião contrária, Guilherme Moura, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia – Faeb, defendeu o uso da aplicação de agrotóxicos por meio de pulverização aérea, na Bahia.
“O objetivo da participação da Federação, hoje, nessa audiência pública, é esclarecer a questão da pulverização, mostrar a segurança no processo de aplicação baseado na ciência, na tecnologia e nós somos completamente contrários ao PL”, disse categórico em entrevista ao BNews.
Para ele, a pulverização aérea é uma estratégia fundamental para que se consiga continuar produzindo alimentos com qualidade e na quantidade necessária a fim de que o alimento chegue com o preço adequado às populações da Bahia e do Brasil.
Moura esclareceu que a pulverização aérea é uma atividade completamente regulada, através de estudos técnicos, evidenciando que “o risco de contaminação é baixíssimo e a própria estatística prova isso. Existe um mito em torno dessa discussão e a nossa ideia hoje é esclarecer a sociedade sobre a segurança que esse processo tem para a produção de alimentos no estado”, afirmou. (BNews)