O secretário da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia, Wallison Tum, comemorou o reconhecimento internacional do Brasil como país exportador de cacau com 100% de qualidade e a recomendação por parte do Conselho Internacional de Cacau, realizado em Madagascar, na África, de que seja mantido o título brasileiro de exportador exclusivo do produto.
Nesse sentido, Tum destaca que essa conquista brasileira só é possibilitada pela importância que a Bahia se mostra para o mundo através do setor produtivo do cacau.
“Em 2021, as amêndoas de cacau da Bahia receberam o prêmio de primeiro e segundo lugar no Concurso Internacional de Cacau – Cocoa Of Excellence – COEX2021 e primeiro e segundo lugar no Concurso Nacional do Cacau, como melhor amêndoa, por apresentar excelente qualidade. Isto também está intrínseco no trabalho longevo entre governo, produtores e sociedade, para o reconhecimento do fruto, para além de nossas fronteiras”, afirma o titular da Seagri.
A pasta comandada por Tum aponta que o Governo do Estado, através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), apoia o projeto Parceiros da Mata, que ao todo irá investir US$ 150 milhões para reduzir e reverter as tendências de degradação ambiental e perda de biodiversidade na Região Sul da Bahia, por meio do fortalecimento dos sistemas produtivos do cacau cabruca. A Seagri é uma das parceiras do projeto executado pelo governo estadual.
O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica da Bahia é viabilizado com recursos do Governo do Estado da Bahia (US$ 32 milhões), do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID (US$ 100 milhões); e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura – FIDA (US$ 18 milhões). Pretende atender cerca de 100 mil famílias (370 mil pessoas). Dessas, 65 mil famílias serão beneficiadas com melhorias nas infraestruturas (acesso a água e saneamento, melhoria de estradas rurais, conectividade) e serviços. Outras 35 mil famílias serão beneficiadas com atividades de fortalecimento da produção e da resiliência dos sistemas produtivos diante das mudanças climáticas.
Fatores
Assessor especial da Seagri e secretário executivo da Câmara Setorial do Cacau, o engenheiro agrônomo Thiago Guedes chama a atenção para a importância do Parceiros da Mata, “cujos impactos de médio e longo prazos serão a promoção do desenvolvimento sustentável, a conservação da Mata Atlântica e a valorização da cadeia produtiva do cacau cabruca. O projeto visa gerar renda e inclusão produtiva, além de parcerias com outros projetos, a exemplo do projeto Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais cacaueiras”.
Para o presidente da câmara setorial do cacau da Bahia, o produtor Valnei Pestana, a região cacaueira será fortalecida com o desenvolvimento do projeto Parceiros da Mata. Ele reforça a concepção da boa imagem do cacau como alimento e a ampliação da diversidade do setor na agregação de valor ao produto tree to bar (árvore do cacau à barra de chocolate) e tree to cap (árvore do cacau à amêndoa em cápsula). Pestana destaca, ainda, a agenda da verticalização da cadeia produtiva do cacau, rastreabilidade do produto, beneficiamento da amêndoa, a conservação produtiva da mata atlântica e a melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas na cadeia produtiva.
Importância do cacau
A Bahia é reconhecida como um importante produtor de cacau no Brasil, sendo referência tanto na cultura popular quanto na indústria do chocolate. Apesar dos desafios enfrentados na década de 80, a região ressurgiu como uma zona cacaueira focada na produção de amêndoas de qualidade e na preservação ambiental. Atualmente, o estado possui mais de 100 marcas de chocolate de origem.
O consumo per capita médio de chocolate no Brasil é de 3,5 kg por ano, sendo que a região Sul apresenta o maior consumo, seguida pelo estado de São Paulo.
Lideranças e Modelos de Produção
A Bahia e o Pará são os principais estados produtores de cacau no Brasil, representando cerca de 90% da produção nacional. O cacau brasileiro é cultivado de forma tradicional em sistemas agroflorestais, como o conhecido método de plantio Cabruca, que preserva a mata Atlântica e a Amazônia.
Além disso, o cacau do sul da Bahia conta com o reconhecimento da Indicação Geográfica – IP Cacau Sul da Bahia, que abrange uma área de 61.460 km2, 7 territórios (Litoral Sul, Baixo Sul, Extremo Sul, Vale do Jiquiriça, Costa do Descobrimento, Médio Rio de Contas e Médio Sudoeste da Bahia), contemplando 83 municípios. (bahia.ba)