Em uma vitória de ativistas, o governo da região da Catalunha, onde fica Barcelona, instruiu nesta terça-feira, 27, as prefeituras locais de que o topless feminino deve ser permitido nas piscinas públicas municipais. Apesar de ter sido autorizada pela lei de igualdade catalã, promulgada em 2020, a prática vinha sido impedida em algumas cidades, atraindo reclamações frequentes de mulheres por todo o verão.
Segundo a carta enviada pelo Departamento de Igualdade e Feminismo catalão, a proibição “exclui parte da população e viola a livre escolha de cada pessoa em relação ao seu corpo” e seria papel das autoridades municipais “defender-se contra a discriminação por qualquer motivo… incluindo sexo ou gênero, convicções religiosas ou vestimenta”.
A pasta atestou, ainda, que tanto a amamentação quanto o uso de trajes de banho que cobrem o corpo por inteiro, como é o caso dos “burkinis”, também devem ser autorizados. Mesmo considerando o comunicado governamental como “um lembrete”, o porta-voz do Departamento reforçou que acatar a regra é obrigatório.
Na Catalunha e no resto da Espanha, as mulheres têm o direito de fazer topless nas praias, mas os conselhos locais decidem os regulamentos relativos às piscinas municipais.
Grande parte das reclamações veio do grupo feminista Mugrons Lliures (Mamilos livres, em português), responsável pelas denúncias sobre a discriminação das prefeituras.
“Esta é uma questão de igualdade de gênero: os homens podem fazer topless e as mulheres não”, afirmou a porta-voz do grupo, Mariona Trabal. “Não sabemos por que demoraram tanto, mas estamos muito felizes.”
Liderado pela pró-independência Esquerda Republicana Catalã (ERC), o governo regional pode multar as prefeituras em até 500.000 euros (cerca de 2,6 milhões de reais), caso a norma seja contrariada. Ainda no ano passado, uma campanha publicitária incentivou a liberdade feminina e o direito ao topless como uma forma de combate aos preconceitos enraizados.
“A sexualização das mulheres começa quando elas são jovens e nos acompanha por toda a vida. Que devemos cobrir nossos seios em alguns espaços é uma prova”, dizia um dos vídeos divulgados. (Veja)