Bolsa e Tesouro Direto chegam a 1 milhão de investidores em abril

Foto: Folha
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A bolsa brasileira atingiu 1.046.244 de investidores pessoa física em abril. O Tesouro Direto também superou a marca de 1 milhão, com 1.006.547 investidores no mês. O cálculo é feito por meio dos CPFs cadastrados em corretoras. Dentre 1 milhão de investidores em Bolsa, 5% são CPFs duplicados, ou seja, investidores que têm conta em mais de uma corretora. Os números, anunciados pela B3 nesta quinta-feira (9), seguem o otimismo do brasileiro com a economia. Em março, o Ibovespa, maior índice acionário do país, bateu a marca histórica de 100 mil pontos. O aumento segue a tendência dos últimos anos. Ao fim de 2017, eram 619 mil investidores. Em 2018, o número saltou para 813 mil. A aceleração se deve aos ganhos da Bolsa brasileira no período. A partir de 2016, o Ibovespa, maior índice acionário brasileiro, teve ganhos expressivos. A valorização dos papéis listados —preço por ação multiplicado pela quantidade de ações que compõem o índice— saltou de 43 para 60 mil pontos de 2015 para 2016, uma alta de 39% após recessão econômica e turbulências políticas. Neste ano, o índice bateu os 100 mil pontos com a aposta de investidores no governo Bolsonaro. O cenário externo também é favorável às companhias brasileiras. Com a recuperação das economias americana e chinesa e juros baixos nestes países, o Brasil exporta mais e investidores estrangeiros buscam ativos de riscos em países emergentes. Sem a aprovação da reforma da Previdência, entretanto, o cenário é de incertezas. O aporte estrangeiro ainda não voltou ao país e dados econômicos do primeiro trimestre preocupam economistas. No ano, o saldo de investimento estrangeiro na B3 é negativo em R$ 26 milhões. Segundo especialistas, a entrada deve vir após a aprovação da reforma e, provavelmente, será tímida. Atualmente, os estrangeiros têm quase metade do valor investido na Bolsa. Eles somam 46,3% do total de volume negociado. Brasileiros pessoas físicas têm 18,3% e jurídicas, 30%. Dentre as pessoas as físicas, o volume tem grande variação conforme o aporte investido. A maioria dos brasileiros — 40% do total — coloca até R$ 10 mil na Bolsa. Eles somam apenas R$ 1 bilhão do estoque da B3, menos de 1% do total alocado em Bolsa, que equivale a R$ 220 bilhões. Os ganhos do Ibovespa neste ano, no entanto, são impulsionados por movimentações domésticas, aponta a B3. Com a taxa Selic na mínima histórica, a renda variável oferece um retorno maior. Segundo levantamento da B3, 51% dos entrevistados na pesquisa “Ecossistema do investidor brasileiro”, também divulgada nesta quinta, gostaria de contar com algum especialista para tomar decisões de investimentos. “A pesquisa comprova que as pessoas estão mudando a forma de encarar investimentos e, por isso, é o momento de aproveitar para desmistificar muitas crenças em torno do assunto. Os bancos e as corretoras, grandes responsáveis pelos recordes de investidores em abril, estão cada vez mais cientes de seu papel e buscando trazer uma comunicação clara. Queremos trazer uma linguagem mais simples”, afirma Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes Brasil da B3.​ Para William Eid Jr, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), a explicação está na alta da Bolsa nos últimos anos. “Não é porque os juros caíram. Até porque a Bolsa no longo prazo perde para Selic e o brasileiro nem sabe o que é a Selic. O aumento é porque a Bolsa tem subido muito. A pessoa vê o cunhado ganhando com ações e decide investir também, mas não sabe elaborar uma estratégia de investimento, avaliar o que compra. Se a Bolsa cair, ele sai correndo”, afirma Eid. Nos últimos três anos, o Ibovespa, maior índice acionário do Brasil, acumulou altas expressivas. Em 2018 foram 15%. Em 2017, 26,86%. Em 2016, 39%. Até abril deste ano, são 9,76% de ganhos. A marca de 1 milhão de investidores representa aproximadamente 1% da População Economicamente Ativa (PEA) que, segundo o IBGE, reúne 105 milhões de brasileiros. Nos Estados Unidos, onde há uma maior participação da população nas Bolsas, o percentual de investidores é bem maior. Segundo o Instituto Gallup, 54% dos adultos americanos investiram em ações de 2009 a 2017. O número apresenta um decréscimo quando comparado ao período anterior à crise financeira. De 2001 a 2008, eram 62%. Para Passos e Eid, a falta de conhecimento é a principal causa da tímida participação. “O brasileiro tem desconhecimento e medo. O mercado doméstico é muito imaturo, com potencial de crescimento acelerado. Estamos vivendo uma mudança estrutural com o trabalho das corretoras. O que éramos há cinco anos não chega aos pés do que somos hoje”, diz Passos. Ao ser perguntado da meta divulgada em 2014 de 5 milhões de investidores esperados pela B3 até 2018, Paiva afirmou que a B3 não trabalha mais com projeções. “Na época, o cenário macro era muito diferente, com a expectativa de crescimento econômico diferente. Naquele ano tivemos mais de R$ 50 bilhões em 64 grandes IPOs. A entrada de investidores depende dos bancos e corretoras. Não podemos fazer projeções se o resultado depende deles”, disse em coletiva. Já para o Tesouro Direto, a expectativa é ultrapassar a meta de 1.350.000 investidores até o final do ano. “Não temos uma boa justificativa para esse crescimento, já que não temos boas perspectivas para a economia. As expectativas para o governo Bolsonaro eram muito positivas e hoje já se fala ‘não é bem assim’. A demora da reforma e as falhas de comunicação do governo trazem muita incerteza”, declara Eid. (Bocão News)

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