Bolsonaro: suspeita de superfaturamento na compra de blindados é investigada

A investigação do TCU revela uma série de pagamentos à Combat Armor feitos nos últimos meses do governo Bolsonaro, entre outubro e dezembro de 2022

Indícios de superfaturamento e possível favorecimento em contratos de compra de veículos blindados por órgãos federais durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro voltam a ser investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na mira da apuração estão contratos firmados entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Federal (PF), o Ministério da Defesa e a Polícia Militar do Rio de Janeiro, e a empresa Combat Armor Defense.

O TCU diz que a empresa passou a ter representação no Brasil nos primeiros meses de 2019, coincidindo com o início da gestão de Bolsonaro, e encerrou suas atividades no primeiro semestre de 2023, após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O tribunal aponta que o braço americano da Combat Armor seria uma empresa de fachada, sem relação com a fabricação de blindados, vencendo os pregões por suposto favorecimento de agentes públicos.

Durante o governo Bolsonaro, de acordo com o jornal O Globo, a Combat Armor venceu quatro pregões com a PRF e um com o Ministério da Defesa, totalizando R$ 47,4 milhões. Em 2020, a empresa também venceu um pregão junto à Polícia Militar do Rio de Janeiro, no valor de R$ 20,8 milhões.

Segundo as investigações, a empresa recebeu R$ 38,9 milhões da União durante a gestão Bolsonaro, sendo R$ 33,5 milhões via PRF, em contratos questionados pelo tribunal. Entre os acordos firmados com a Combat Armor, estão três celebrados em dezembro de 2022, para a aquisição e transformação de viaturas blindadas, totalizando R$ 33,8 milhões.

Além do possível superfaturamento, a Combat Armor teria entregue veículos blindados com qualidade abaixo do especificado nos contratos, e deixou de cumprir prazos de entrega e manutenções periódicas garantidas.

O relatório do TCU também aponta “possível favorecimento” da empresa por Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da PRF, durante sua gestão. Vasques, preso desde agosto de 2023 por decisão do ministro Alexandre de Moraes, é acusado de tentar interferir nas eleições de 2022.

A investigação do TCU revela uma série de pagamentos à Combat Armor feitos nos últimos meses do governo Bolsonaro, entre outubro e dezembro de 2022, totalizando R$ 12,4 milhões pela PRF. Além disso, há indícios de relação entre a atuação de Vasques e os pagamentos efetuados à empresa. (Bahia.ba)

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