O cacique Raoni acusou o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux, seu grande parceiro por mais de 50 anos, de desviar recursos arrecadados em seu nome. “Meu nome é usado para arrecadar dinheiro”, disse o indígena à Associated Press, durante uma entrevista em Brasília. “Mas o Jean-Pierre não me passou muito para eu fazer alguma coisa”, continuou.
Recentemente, eles estiveram juntos e aparentemente harmoniosos durante o lançamento do documentário “Raoni: uma amizade improvável”, no Festival de Cinema de Cannes.
O líder kayapó e pessoas próximas a ele disseram à Associated Press que há muito tempo desconfiavam de Dutilleux e suspeitavam que ele não estivesse transferindo recursos arrecadados para o povo indígena. Eles também acusam o cineasta de explorar a imagem e a reputação de Raoni para impulsionar sua própria carreira cinematográfica.
Por seu lado, Dutilleux nega qualquer irregularidade, repetindo que nunca teve acesso ao dinheiro. “Ele às vezes diz coisas assim, tem a ver com a idade. Talvez aconteça comigo também, dizer besteiras”, declarou o belga, que tem 74 anos, em entrevista à AP em Paris. E concluiu, sobre o dinheiro: “Não me interessa. Sou um cineasta, um artista. Não sou um contador”.