As “caixas misteriosas” que apareceram em praias da Bahia são fardos de borracha de um navio nazista alemão, afundados no mar há 80 anos, segundo o oceanógrafo Carlos Teixeira, que é pesquisador no Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC) — relembre o caso aqui.
De acordo com o pesquisador, os fardos estavam dentro do navio alemão SS Rio Grande, que foi afundado pela frota americana em 1944 contra os nazistas, no fim da Segunda Guerra Mundial. O navio está há quase seis quilômetros de profundidade.
“Era um navio de carga nazista alemão. A ideia dele era ficar transportando cargas entre um lado do Atlântico e o outro. Além dessas caixas de borracha, ele carregava cargas de metais como cobalto, estanho, latão, titânio, vários metais que hoje são até bem valorizados”, explica.
Ainda de acordo com Carlos, o indício de que o material seria de um navio alemão afundado foi uma inscrição em um fardo encontrado em uma praia do Ceará há dois anos. Nele, estava escrito: “Produzido na Indochina Francesa”. A região, na época, era dominada pelos japoneses, que eram aliados dos alemães.
“As correntes estão para o norte e os ventos estão para o norte. Então não teria como estar trazendo uma caixa de Sergipe ou do norte da Bahia para Salvador para a Região Metropolitana de Salvador, como Stella Maris e Flamengo”, comenta.
“A gente ainda não sabe se existiam caixas enterradas ao sul de Salvador ou se isso está vindo do mar. Como elas chegaram em Salvador é um novo mistério”, ressalta.
Surgimento das ‘caixas’
De acordo com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), agentes foram acionados após duas novas “caixas misteriosas” serem encontradas na manhã desta terça-feira (3), na Praia do Flamengo e na Praia de Itapuã, em frente à Igreja da Vila Militar, em Salvador. Antes, na segunda-feira (2), ao menos duas caixas já haviam sido avistadas.
Ainda de acordo com a Limpurb, elas serão removidas da faixa de areia com o auxílio de um caminhão Munck, por causa do peso, e devem ser encaminhadas para a Capitania dos Portos.
Segundo a Limpurb, a Marinha também coletou uma amostra para avaliar o material junto com o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O restante do material será pesado.
Por meio de nota, a Capitania dos Portos da Bahia informou que pacotes sem identificação estão sendo encontrados no litoral do Nordeste desde 2018 e que não foram registrados acidentes náuticos na região que justifiquem o aparecimento dessas caixas.
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Disse ainda que um material semelhante foi encontrado no dia 26 de julho, na praia da Costa de Sauípe, em Mata de São João, cidade da região metropolitana de Salvador.
A instituição também detalhou que o material encontrado não apresenta características poluentes, e que será descartado pelas autoridades competentes. (G1)