“Para o mau humor, faça amor consigo mesmo”, recomenda a Prefeitura de Medellín em publicações nas redes sociais ilustradas com a imagem de uma mulher se masturbando. A inusitada campanha sobre os benefícios dessa prática sexual na saúde física e mental causou polêmica na Colômbia.
“O orgasmo libera endorfinas, serotonina e ocitocina: hormônios da felicidade que podem transformar um dia ruim em um para não esquecer. Dedique-se a este momento íntimo!”, dizem as mensagens da Secretaria de Juventude local.
Centenas de pessoas reagiram no Twitter a favor e contra a iniciativa, em um país com raízes conservadoras e majoritariamente católico.
“Essas não deveriam ser políticas da principal autoridade de uma cidade. É vergonhoso”, escreveu Felipe. “Falar de saúde pública e saúde sexual sem rodeios nem tabus. Muito boa a campanha”, declarou Juliana. “Vocês não acham que há questões muito mais importantes para resolver na cidade?”, questionou Ivan.
Santiago Bedoya, secretário de Juventude de Medellín, explicou que o objetivo das peças é “reconhecer” a masturbação como “uma prática humana que é natural, evolutiva, histórica” e “normal”, “porque muitos jovens sofrem com penalizações e moralismos” em torno do tema.
Além disso, a masturbação tem “benefícios positivos do ponto de vista biológico, psicológico e social”, acrescentou Bedoya em entrevista à Blu Radio.
Segundo o funcionário, a imagem de uma mulher se masturbando foi escolhida para iniciar a campanha “porque este assunto foi mais vedado e mais estigmatizado” com elas.
Para Maria Camila Torres, analista de saúde sexual e reprodutiva da Universidade de Rosário, a campanha é “pertinente e necessária” para “educar em uma cultura tão conservadora, católica e machista”.
Porém, apesar de aplaudir a divulgação dos benefícios da masturbação, ela apontou que foi “infeliz” a associação do “mau humor das mulheres com a falta de relações sexuais ou de autoestimulação”.
A prefeitura anunciou que os homens também farão parte da estratégia de comunicação, embora estejam avaliando a mensagem adequada, considerando que há casos de assédio a mulheres por meio da masturbação masculina em espaços públicos.
“Estamos buscando consolidar uma visão masculina mais segura e mais gentil com as mulheres que já sofreram” abusos, explicou Bedoya.