Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem ser afetados, com fatores de risco distintos. Nas mulheres, o risco está fortemente ligado à história reprodutiva e às oscilações hormonais, enquanto nos homens, o histórico familiar e condições genéticas, como a síndrome de Klinefelter, são os principais fatores. No entanto, tanto em homens quanto em mulheres, o câncer pode surgir de forma esporádica, sem a presença de fatores de risco identificáveis.
Esse foi o caso do analista de suporte Everaldo Silva, de 51 anos, que descobriu um câncer de mama na direita em fevereiro de 2023. Após perceber um sangramento inesperado no peito, ele foi convencido pela esposa, Mahiara Guedes, a procurar ajuda médica. O diagnóstico foi de um câncer de mama hormonal em estágio 3, e Everaldo passou por quimioterapia e, posteriormente, uma mastectomia.
Síndrome de Klinefelter e fatores hereditários
A síndrome de Klinefelter, uma condição genética rara que afeta cerca de 1 em cada 1.000 homens, é um dos fatores que aumentam o risco de câncer de mama masculino. Homens com essa síndrome têm um cromossomo X adicional, resultando em níveis mais altos de estrogênio, o que pode levar ao desenvolvimento de tumores mamários.
Além disso, mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2, que são responsáveis pela reparação do DNA, também são associadas ao câncer de mama em homens. Quando esses genes são alterados, o mecanismo de reparo do DNA é comprometido, aumentando as chances de mutações genéticas que podem causar o câncer. Contudo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), apenas 5% a 10% dos casos de câncer são hereditários, com a maioria ocorrendo devido a mutações adquiridas ao longo da vida.
Fatores ambientais e outros riscos
Além das condições genéticas, fatores ambientais e de estilo de vida, como obesidade, tabagismo, alcoolismo e doenças hepáticas, também aumentam o risco de câncer de mama nos homens. A projeção do Inca aponta que, em cerca de dez anos, o Brasil poderá atingir a marca de um milhão de novos casos de câncer, com uma estimativa de 704 mil novos diagnósticos a cada ano até 2025.
Diagnóstico e tratamento
A facilidade de detectar alterações nas mamas é maior em homens devido ao menor volume de tecido mamário. Ao realizar o autoexame, qualquer nódulo ou alteração pode ser identificado com mais facilidade. Nos homens, a mamografia de rastreio não é recomendada, enquanto as mulheres têm acesso a esse exame a partir dos 50 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os sintomas do câncer de mama em homens incluem nódulos endurecidos, inchaço, sensibilidade, inflamação e até formação de úlceras. O tratamento geralmente segue as mesmas diretrizes do câncer de mama em mulheres, com a mastectomia sendo o procedimento cirúrgico mais comum.