O câncer de cólon, doença que Pelé trata desde o ano passado e que motivou a internação dele nesta quarta-feira (30), é um dos tumores mais comuns na população brasileira.
Estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer) aponta que, neste ano, o Brasil deve registrar 20.520 casos de câncer de cólon e reto em homens e 20.470 em mulheres, e esses números devem subir em 2023.
No próximo ano, a projeção do instituto indica que o país terá 45.630 novos casos de câncer colorretal, sendo 23.660 entre as mulheres e 21.970 entre os homens, uma alta de 11,32%.
Com esses números, o câncer colorretal será o segundo tipo de câncer com maior incidência na população, ultrapassando os tumores de pulmão e de colo de útero, que historicamente eram mais prevalentes nas populações masculina e feminina, respectivamente.
A projeção mostra que, entre os homens, o câncer de próstata continuará em primeiro, com 71.730 casos (30%), seguido por cólon e reto, com 9,2%. Entre as mulheres, o câncer de mama seguirá como o mais comum, com 73.610 novos casos (30,1%), e o câncer de cólon e reto virá em seguida, com 9,7%.
Segundo o Inca, esse tipo de tumor quase sempre se desenvolve a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede do intestino. Sabe-se que ele é mais frequente em pessoas que consomem carne vermelha em excesso, têm uma alimentação pobre em fibras, são fumantes ou consomem bebida alcoólica.
“Entre 10% e 15% dos casos têm uma origem familiar, mas cerca de 85% dos pacientes têm o que chamamos de câncer esporádico. Nesses casos, a dieta e o padrão de exercício físico são fatores que podem ter contribuído para a doença”, diz o médico Paulo Hoff, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Apesar da incidência, não se trata de um câncer com alta taxa de mortalidade. De acordo com o Observatório da Atenção Primária à Saúde, em 2020, o câncer colorretal causou 20.245 mortes no país. Considerando apenas o câncer de cólon, foram 12.422 mortes.
“Hoje, mesmo o câncer de cólon com metástase, em algumas situações, é potencialmente curável. A expectativa de cura desses pacientes, se compararmos com 20 anos atrás, melhorou muito”, comenta Hoff.
Há contudo, um problema em relação ao diagnóstico. Para o oncologista, com o aumento da incidência da doença, a prevenção poderia ser iniciada aos 45 anos —não aos 50, como preconizado atualmente— e há necessidade de ampliar a quantidade de exames e procedimentos.
Levantamento do Observatório APS mostra que, em 2019, foram feitas 347.098 colonoscopias pelo SUS. Em 2020, com a pandemia, esse número caiu para 242.372, uma redução de 30%.
“No Brasil, temos uma aderência muito baixa à colonoscopia e ao teste de sangue oculto nas fezes. Não estamos fazendo a prevenção no volume que seria recomendado para uma doença tão importante”, avalia o oncologista.
Ele ressalta que não há estrutura para oferecer a colonoscopia a todos aqueles acima de 45 anos, mas um protocolo de realização anual do teste de sangue oculto, com colonoscopia nos casos positivos, seria capaz de reduzir o número de casos no país. (BN)