O casal de presos que está infectado com covid-19 e estava custodiado no Complexo de Delegacias no bairro Sobradinho em Feira de Santana, pelo crime de tráfico de drogas, foi transferido na tarde desta quinta-feira (4) para o Conjunto Penal de Feira de Santana. A transferência dos presos foi assunto de muita polêmica nos últimos dias e dividiu opiniões entre a Polícia Civil e a Polícia Penal.
Na quarta-feira (3), o presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc), Eustácio Lopes, afirmou que o casal de presos não tinha sido transferido ainda para o presídio porque líderes de facções criminosos não estavam aceitando a transferência. Nesta quinta, Eustácio voltou a dar entrevista ao Acorda Cidade e disse que apesar da transferência do casal de presos ter ocorrido, ele ainda não está tranquilo.
Segundo ele, os presos infectados com coronavírus tiveram contato com outros quatro presos no Complexo de Delegacias do Sobradinho e por isso, os servidores ainda estão preocupados com o risco de contágio.
“Vão permanecer aqui na custódia quatro presos que tiveram contato com os dois presos com covid-19 e no nosso entendimento eles também estão contaminados. Aqui os policiais civis só vão ficar tranquilos após a remoção de todos os presos e vamos pedir uma posição do coordenador regional de polícia, Roberto Leal para saber o que vai acontecer com esses presos. Se vão ter alvará de soltura, se vão ser transferidos, para onde vão ou se irão permanecer aqui. No entanto, para o Complexo de Delegacias voltar a funcionar é preciso que seja feita a desinfecção do prédio”, afirmou.
Eustácio relatou que só depois de conversar com o delegado Roberto Leal, que a Polícia Civil decidirá se continuará com a paralisação das atividades ou não.
Ele lamentou o fato da transferência do casal de presos ocorrer somente após o Sindicato denunciar que os líderes de facções criminosas não estavam aceitando o fato e voltou a falar que quem manda no Conjunto Penal são os grupos criminosos.
“Infelizmente Feira de Santana está dominada pelo tráfico de drogas. O tráfico de drogas estava impondo quem entra ou sai do presídio e os líderes de facções criminosas dizem quem entra e quem sai do presídio. O diretor só é fantoche, o diretor é apenas uma figura que está lá, dizendo que é representante do estado, mas em Feira de Santana quem manda no presídio são as facções criminosas. Só após a denúncia é que os presos foram transferidos e eu não quero nem crer que houve um acordo com o tráfico para os presos serem transferidos para lá. Foi feita uma escolha entre sobreviver o servidor público, morrer o servidor público, ou colocar o preso em risco. O estado optou por colocar a vida do policial civil em risco para não ter problema com os presos, a verdade é essa”, comentou.
De acordo com Eustácio, diferente do Complexo de Delegacias do Sobradinho, o Conjunto Penal de Feira de Santana dispõe de uma unidade médica, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e demais profissionais da área de saúde para atender os presos.
O coordenador regional de polícia, o delegado Roberto Leal afirmou que fica mais tranquilo com a transferência do casal de presos e essa demanda vinha sendo discutida há dias.
“É um problema sério que a gente está enfrentando a respeito da destinação desses presos que são positivados para Covid-19 ou até mesmo os assintomáticos. Quero deixar bem ciente que a unidade policial do Sobradinho é um complexo que recebe apenas presos provisórios para serem destinados ao presídio e nós não temos condições aqui de fazer qualquer tipo de custódia mais efetiva. Inclusive nesses casos, porque as celas são dispostas no mesmo ambiente e é extremamente temerário custodiar presos assintomáticos e confirmados para a covid-19. A transferência deixa todos mais tranquilos”, pontuou.
O delegado informou que a Polícia Civil está seguindo um protocolo de trabalho determinado pelo delegado geral sobre como atuar diante dos casos de presos que testaram positivos para a covid-19. Ele relatou que quando a polícia tem conhecimento do fato comunica o mesmo ao presídio. Caso haja recusa do presídio, o judiciário passa a ser comunicado.
“O que ocorreu na semana passada é que havia um recesso judiciário e o fato acabou sendo levado ao conhecimento do plantão judiciário em Salvador. Acabou tendo essa demora na solução. Como eu sei que aqui agora, os juízes estão trabalhando todos os dias, caso haja alguma necessidade, prontamente eles vão atender. A gente vai informar e a decisão que o juiz determinar será cumprida. Tanto se for de imediata transferência ou se for outra, que assim entender o judiciário.
Além do casal de presos que testou positivo para covid-19, foram transferidos outros 7 presos para o Conjunto Penal de Feira de Santana.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade