A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo reduziu as taxas de suicídio entre homossexuais na Suécia e na Dinamarca, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira (14). Entretanto, a pesquisa aponta que gays e lésbicas divorciados, viúvos ou casados ainda são mais propensos ao suicídio do que heterossexuais.
O levantamento, realizado pelo Instituto Dinamarquês de Prevenção do Suicídio e pela Universidade de Estocolmo, comparou taxas de suicídio de cônjuges em casamentos do mesmo sexo e em matrimônios heterossexuais nos períodos de 1989 a 2002 e de 2003 a 2016.
O trabalho, publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health”, revelou ter ocorrido uma queda de 46% na taxa de suicídios de homossexuais casados, contra 28% na de casais heterossexuais.
Os autores do levantamento acreditam que a redução do estigma entre as minorias sexuais pode ter contribuído para a queda nas mortes. A pesquisa foi baseada em dados oficiais de milhares de casais do mesmo sexo nos dois países, que estão entre os primeiros no mundo a legalizar o matrimônio gay.
“Ser casado protege contra o suicídio”, diz a chefe do estudo, Annette Erlangsen, do Instituto Dinamarquês de Pesquisa para Prevenção do Suicídio. “Legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e outras medidas legislativas podem realmente reduzir o estigma em torno das minorias sexuais.”
Entretanto, membros de uniões homossexuais ainda se mataram com frequência mais de duas vezes maior do que os membros de casamentos heterossexuais em ambos os períodos, reforçando pesquisas de outros países, que apontam para uma maior incidência de tentativas de suicídio entre pessoas LGBT+.
O estudo analisou dados de mais de 28 mil cidadãos vivendo em uniões do mesmo sexo por uma média de 11 anos. Também constatou-se que lésbicas casadas tinham 2,8 vezes mais chance de se suicidarem do que mulheres em uniões heterossexuais, e ligeiramente mais chance do que homens heterossexuais casados. Já homens heterossexuais com parceiros teriam uma tendência maior de se matarem.
“Ainda existe um grau considerável de homofobia, particularmente contra homossexuais masculinos”, ressaltou Morten Frisch, da entidade de pesquisa Instituto Statens Serum da Dinamarca. “Pouco menos de um em cada três homens ainda considera moralmente inaceitável que dois homens façam sexo um com o outro”, afirmou, citando uma pesquisa com mais de 62 mil dinamarqueses divulgada em outubro. (Globo)