O número de enterros realizados nos cemitérios municipais de Salvador no mês de maio cresceu quase o dobro em relação aos números contabilizados no mesmo período do ano passado. Os dados, divulgados pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), apontam que as mortes pela Covid-19 têm reflexo nesse aumento.
Segundo a secretaria, em maio de 2019 foram contabilizados 385 sepultamentos. Já neste ano, o mês alcançou a marca de 725. Desse total, 266 pessoas foram enterradas por causa do novo coronavírus e 459 por causas diversas.
Os números parciais do mês de junho também preocupam. Só nos 17 primeiros dias do mês, foram 477. Cento e noventa e seis desses por causa da Covid-19, e 281 por causas diversas.
A situação também é parecida nos cemitérios particulares. No cemitério do Campo Santo, por exemplo, até o dia 17 de junho, 114 pessoas foram enterradas após serem diagnosticadas com o vírus e 286 por causas diversas.
Entre janeiro e março, foram contabilizados 1.149 enterros, nenhum pelo novo coronavírus. Já em abril, foram 451, 37 deles de vítimas da Covid-19.
Por causa da situação, 1.060 gavetas já foram disponibilizadas a mais nos cemitérios públicos da capital baiana. A previsão é de que 1.820 novas vagas fiquem prontas em até dois meses.
Enterros em tempo de Covid-19
Por causa da Covid-19, os enterros são feitos com poucas pessoas e os caixões não podem ser abertos para evitar que haja a contaminação das pessoas que participam do momento.
Segundo as instruções do “Manual de Manejo de Corpos no Contexto do Novo Coronavírus”, publicado pelo Ministério da Saúde em março, por causa da pandemia do novo coronavírus, vários protocolos devem ser cumpridos, como: corpo estar enrolado em lençóis, acomodados em saco impermeável, além de ser embalado em um segundo plástico, que deve ser desinfectado com álcool 70%.
Para Andréa Silva, que perdeu o filho Breno Santos da Silva, 27 anos, diagnosticado com a Covid-19 pouco tempo antes do enterro, a situação é difícil.
“Não poder tocar, poder chegar perto dele, isso a gente não vai poder fazer. Vamos ter que ver o caixão lacrado. Só mesmo fazer o reconhecimento no hospital aumenta a minha dor e de toda a família. A revolta toda nossa é essa”, contou. (G1/Ba)