A cidade chinesa de Wuhan comunicou nesta sexta-feira (13) que detectou o novo coronavírus em embalagens de um lote de carne bovina de um carregamento de agosto da empresa Marfrig, informou a agência de notícias Reuters.
A Comissão Municipal de Saúde de Wuhan disse que encontrou 3 amostras positivas na parte externa de embalagens de carne bovina congelada e desossada do Brasil. O código de registro do exportador de embarque de carne bovina indicou que o produto veio da unidade de Várzea Grande (MT), da Marfrig Global Foods.
Essa unidade teve as exportações suspensas para a China do fim de junho até o dia 23 de outubro, quando o país voltou a autorizar produtos vindos do frigorífico matogrossense.
A carne bovina entrou no país no porto de Qingdao em 7 de agosto e chegou a Wuhan em 17 de agosto, onde permaneceu em um frigorífico até recentemente.
Como a exportação de carne ocorre por navios, as mercadorias podem demorar meses para chegar ao destino, isso pode explicar a entrada do produto durante o período o embargo, ou seja, a carne pode ter sido comprada pelos chineses antes da suspensão.
A Marfrig informou à Reuters que não vai comentar o assunto. O Ministério da Agricultura disse que não foi notificado pelas autoridades sanitárias da China.
Não é a primeira vez que as autoridades chinesas encontram a presença do novo coronavírus em embalagens de produtos brasileiros.
No início de outubro, o governo chinês detectou o novo coronavírus em uma carga de carne bovina da Minerva Foods, suspendendo a empresa por uma semana. O embargo já acabou e o frigorífico pode voltar a exportar normalmente.
Recentemente, também houve problemas em cargas de carne de frango e pescados (relembre mais abaixo).
As autoridades chinesas também encontraram o coronavírus na embalagem da carne bovina argentina esta semana, e outra amostra de carne bovina importada foi considerada positiva em Shandong, disse a província na sexta-feira.
A China é o maior compradora mundial de carne bovina e o Brasil e a Argentina são seus maiores fornecedores. O novo coronavírus apareceu pela primeira vez em Wuhan no ano passado e se espalhou pelo mundo.
Testes em funcionários
Mais de 100 funcionários na instalação de Wuhan foram submetidos a testes, disse a comissão, e 200 amostras ambientais foram coletadas.
Depois de tomar medidas drásticas para controlar a propagação do vírus na população este ano, a China começou no final de junho a testar também alimentos importados.
Em setembro, encontrou apenas 22 amostras positivas de quase 3 milhões, mas com a descoberta de alguns trabalhadores portuários infectados com o vírus, a comissão intensificou os testes e a desinfecção das importações de alimentos nesta semana.
Carne de frango
A China já afirmou ter detectado coronavírus em outras embalagens de produtos brasileiros. No dia 13 de agosto, a prefeitura de Shenzhen disse ter encontrado rastros do vírus em um controle de rotina de frango importado do Brasil. O lote pertencia à unidade da cooperativa Aurora, em Xaxim (SC).
Dias depois, em 20 de agosto, a própria cooperativa suspendeu temporariamente os embarques de carne de frango da planta de Xaxim para os chineses, até que o episódio seja totalmente esclarecido. A empresa continua com as exportações suspensas.
Na ocasião, o governo brasileiro afirmou que as autoridades sanitárias de “Shenzhen não souberam informar se os achados se referiam apenas à detecção do material genético do vírus ou ao vírus ativo, nem foram capazes de dar mais informações sobre o suposto achado”.
Suspensão de frutos do mar
No fim de setembro, a China também suspendeu por uma semana as importações de pescados e frutos do mar da empresa brasileira Monteiro Indústria de Pescados Ltda. O prazo de embargo terminou no dia 3 de outubro.
Neste caso, o motivo apontado pelo governo chinês foi a presença do coronavírus na embalagem de uma das cagas recebidas no país.
“Foram coletadas, de forma aleatória, 19 amostras de pescados, mas em apenas uma delas, especificamente na embalagem primária, foi detectado o vírus. Não houve, no entanto, a liberação de laudo laboratorial pelas autoridades chinesas”, disse o Ministério da Agricultura do Brasil à época.
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), cujos integrantes têm na China um mercado crescente que responde por até 30% dos embarques nacionais, avaliou o caso como algo isolado, e que ainda carece de confirmação. (G1)