Com a alta no preço dos alimentos, muitas famílias estão tendo que recorrer a outras maneiras de realizar as refeições diárias, muitas vezes substituindo alimentos, como a aposentada Aisa Teixeira Gomes, que começou a pedir gordura de boi no açougue para alimentar a família.
“Eu vou ao açougue pedir gordura para comer. Eu falo assim ‘tem como me dar as pelanquinhas’, eles me dão e eu coloco sal e misturo com o feijão para comer”.
Ela mora com nove pessoas e todos os filhos estão desempregados. Aisa está pagando as contas apenas com a aposentadoria no valor de R$ 1.100, um salário mínimo.
A idosa recebe uma cesta básica da entidade Legião da Boa Vontade, na Cidade Dutra, na Zona Sul de São Paulo, no entanto, com a alta no valor dos alimentos, até a entidade está com dificuldade de receber alimentos.
Na última doação, a dona Aisa também conseguiu algumas caixas de leite que, segundo ela, devem durar uma semana. “Vamos usar para reforçar o café da manhã das crianças antes de ir para a escola, mas não dá nem para uma semana. Estamos controlando para não colocar muito, eles ficam com vontade de tomar mais, mas não dá”.
Puxado pelo aumento da energia elétrica e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, acelerou a alta para 0,89% em agosto, após registrar taxa de 0,72% em julho, informou nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O custo da alimentação no domicílio passou de 0,47% em julho para 1,29% em agosto.
Entre as altas que mais contribuíram para aceleração, segundo o IBGE, destaques para a do tomate (16,06%), do frango em pedaços (4,48%), das frutas (2,07%) e do leite longa vida (2,07%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-6,46%), do feijão-preto (-4,04%) do arroz (-2,39%) e do feijão-carioca (-1,52%).
Na alimentação fora do domicílio (0,35%), o movimento foi inverso, influenciado pela desaceleração da refeição (0,10%), que havia registrado alta de 0,53% em junho. (G1)