A alternância entre fases de euforia e depressão é o que caracteriza o transtorno bipolar. O quadro psicopatológico é lembrado neste sábado (30), o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data tem o objetivo de chamar atenção para os sintomas e tratamentos da doença.
“A fase da mania, popularmente conhecida como euforia, é caracterizada por humor elevado, ego insuflado, aumento de energia, diminuição do sono, maior engajamento em atividades – muitas vezes de risco, como sexo desprotegido, direção imprudente, gastos excessivos. A gravidade desse quadro de euforia pode se tornar tal que a pessoa perde o contato com a realidade, acreditando em coisas que somente ela acredita, como grandes posses e poderes sobrenaturais”, explicou o psiquiatra Lúcio Botelho. “Do outro lado do polo de humor, vem a depressão, que é caracterizada por tristeza, falta de prazer, desânimo, diminuição de energia, aumento do sono, aumento ou diminuição do apetite, ideias de culpa e ruína”.
A Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) estima que cerca de 15 milhões de brasileiros sejam portadores da doença, ou seja, cerca de 8% da população. Artistas e personalidades públicas já falaram abertamente sobre o assunto. Foram diagnosticados com transtorno bipolar Cássia Kiss, Maurício Mattar, Rita Lee, Mariah Carey, Mel Gibson, Demi Lovato, entre outros.
Para o psiquiatra, a discussão sobre a doença é extremamente importante, já que torna os sintomas conhecidos e é uma forma de alerta. No entanto, ele ressaltou que a glamorização do transtorno bipolar pode tornar o diagnóstico menos crível. “As pessoas justificam comportamentos com a bipolaridade e isso, de certa forma, vem a descredibilizar o diagnóstico. A gente precisa ficar atento porque, muitas vezes, tanto o paciente quanto os familiares e amigos não valorizam os sintomas”.
De origem multifatorial, a doença tem influência genética e de fatores ambientais. Um parente de primeiro grau de um portador do transtorno bipolar tem até 70% de chance de também apresentar o problema. Ainda assim, os fatores ambientais têm peso importante. Situações traumáticas, como a perda precoce dos pais e uma demissão, podem acarretar no surgimento dos sintomas.
No entanto, o diagnóstico não é simples. De acordo com Botelho, o processo de diagnóstico pode demorar até 13 anos e é feito a partir da história clínica e exame mental dos pacientes. A doença não tem cura, apenas um tratamento medicamentoso e terapêutico para controle dos sintomas.
por Renata Farias – BN