O técnico Tite considerou positivo o saldo da Seleção nos seis amistosos após a Copa América. Não de resultados, que ele reconheceu terem sido aquém, mas de novos nomes observados. O treinador vê leque maior para atletas se firmarem entre os 23 para as Eliminatórias da Copa do Catar, que começam em março.
Depois de duas derrotas (Peru e Argentina, esta na última sexta), e três empates (Colômbia, Senegal e Nigéria), o Brasil encerrou a série negativa com os 3 a 0 sobre a Coreia do Sul – gols de Lucas Paquetá, Philippe Coutinho (de falta depois de quase cinco anos pela Seleção) e Danilo – , no estádio Mohammed Bin Zayed, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Tite citou Lucas Paquetá, autor do gol que abriu o placar nesta terça, Eder Militão, titular nas duas partidas de novembro, Fabinho e Renan Lodi, destaque na vitória sobre a Coreia do Sul, com dois passes para gols. Mas também valorizou a troca de lado de Arthur, neste caso com Paquetá, e o melhor desempenho de Philippe Coutinho, pela esquerda, em função semelhante a que executou nas Eliminatórias para a Copa da Rússia.
– (Resultados não aconteceram) inclusive por erros meus, porque eu ensaio e erro. Às vezes eu encontro solução, mas não encontrando a solução definitiva, por tentativa e erro. Trocando lado de Paquetá e Arthur. Estou pegando um exemplo para que a pessoa entenda que isso acontece. Quando a gente sai de uma disputa e tu vence ela, teu grau de competitividade baixa – disse, comentando sobre a conquista da Copa América.
O próximo compromisso da Seleção será apenas em março no início das Eliminatórias. O sorteio para a definição da tabela, em pontos corridos, será realizado dia 17 de dezembro, na sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai.
– Minha expectativa (nestes amistosos) era de melhores resultados. De performance, alternada. A gente teve infelicidade de quando estava melhor… Por exemplo, estávamos melhor e criando três oportunidades contra a Argentina, não fizemos e tomamos. Jogo assim te massacra, foi duro. Hoje (Coreia do Sul) teve performance mais durante o jogo todo naquilo que a gente busca. Mas o objetivo maior era dar minutagem aos atletas e ter jogadores se firmando. Exemplo: quando tem aparecendo Paquetá, Militão, Fabinho, Lodi… eu digo: opa! – destacou Tite.
Confira outros trechos da coletiva de imprensa de Tite
Etapa concluída
– Terminamos a fase de oportunidades, de mudanças, de modificações de sistema, de oportunizar nomes. Agora termina esse ciclo para a gente ter condições de projetar competições, com a necessidade de desempenho e resultado associados. Hoje começamos o jogo com seis sub-23, depois entraram mais três. É a construção da equipe, que vai dando know-how, experiência, lastro. Foi um jogo bonito, plasticamente bem jogado, com as duas equipes se propondo jogar. As duas faziam pressão alta e tentavam sair jogando, isso oportunizou um jogo mais bonito.
“Couto jogou muito hoje”
– Fomos de 4-2-3-1 para 4-1-4-1, 4-4-2, com Coutinho e sem Coutinho, com Neymar e sem Neymar. Teve atacante agudo, pivô de área… A gente teve amplitude com lateral jogando na última linha, como o Lodi, com Couto (Coutinho) por fora. Ele jogou muito hoje, talvez essa seja a posição que o Couto mais produziu, tanto de um lado quando do outro. Quando ele vem de fora desequilibra. É meio quebra-cabeça. Você tenta potencializar os atletas, ajustar. Ganhamos a Copa América se ajustando sem o Neymar, com dois homens por fora. Não era o ideal, mas nos proporcionou ganhar sofrendo só um gol. Esse ajustar é desafiador. Essas foram algumas das variações, a partir daí vamos começar a refletir.
Terceiro gol com 48 trocas de passes
– Eu falei que não estava satisfeito com o resultado, mas tem que ser duro, casca grossa. Se eu estou desequilibrado, não tenho a experiência que tenho, os garotos entram numa pressão desgraçada e não produzem. Sei como é o processo de construção. A função de vocês é comentar, críticas e elogios são do jogo, a gente tem que saber. Claro que não nos deixa mais feliz… Não sei se é o termo (aliviado). Mas deixa feliz, ainda mais com desempenho. Usaram o termo suficiente, mas para mim é mais, é bom. Fizemos o terceiro gol trocando 48 passes. É pouco, foi uma vitória só, eu sei que é pouco, queríamos ter melhor resultado, mas vai se construindo.
O que leva da vitória contra a Coreia do Sul?
– O sistema 4-1-4-1 com pivô de área, que vem buscar, com um outro que ataca espaço, agride. Couto ou outro jogador por dentro. Com tripé no meio de campo. Linha de quatro que consiga fazer três pressões. Contra a Coreia, fizemos pressão alta. Construção, iniciação, construção média e construção alta. O fato de ter saído na frente te dá tranquilidade maior para as coisas acontecerem. Estou falando desse jogo especificamente, não dos resultados, que não me deixaram contente. Em alguns momentos, eles me deixaram chateado. (Globo Esporte)