Você sabe a diferença entre varizes e trombose? As causas e tratamentos? Quais cuidados tomar para evitá-las? Nesta quinta-feira, 15, data em que é celebrado o Dia do Cirurgião Vascular, o médico Paulo Menezes, especialista em cirurgia vascular e membro do Núcleo de Angiologia e Cirurgia Endovascular da Bahia (Nace), esclarece esses e outros questionamentos.
Antes de tudo, é importante dizer que a trombose é uma patologia que deve ser tratada imediatamente, evitando o avanço da doença. Mas, como descrevê-la? De acordo com o cirurgião, a trombose é um quadro crônico que não aparece como as varizes. “Ela surge em forma de dor e inchaço, presente apenas em uma perna”, conta.
Segundo o especialista, ao constatar qualquer sinal, a orientação é procurar atendimento médico por meio de uma consulta ao cirurgião vascular ou em uma emergência hospitalar. “Será necessário fazer um exame de ultrassom, chamado duplex scanner, onde pode ser constatada a trombose. Após a confirmação, o tratamento deve ser iniciado”, explica o doutor.
A trombose, se não for tratada de forma correta, pode evoluir para algumas complicações graves. Ela está mais presente em membros inferiores e, se um fragmento desses coágulos se desprender das pernas e ir em direção ao coração, seguido para a circulação pulmonar, pode desenvolver a embolia pulmonar. Esta complicação, que é grave, pode levar à morte. A embolia pulmonar é a terceira principal causa de mortalidade entre as doenças cardiovasculares, atrás do infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Fatores de risco
Existem tipos de pessoas que possuem propensão à trombose. Alguns pacientes possuem apenas um fator de risco, quem tem mais de um amplia as chances e deve mudar os hábitos para reverter o caso.
“Estão propensos à trombose pacientes com obesidade, gestantes, mulheres que fazem uso de anticoncepcional ou reposição hormonal, que fizeram cirurgias ortopédicas ou oncológicas e ficam em repouso pós-operatório extenso. Há também os que possuem câncer, que também se encontram no grupo de risco”, explica o médico. Ele acrescenta que as pessoas acamadas, com sequelas de AVC e que fazem viagens muito demoradas podem desenvolver trombose.
Os que desejam mudar hábitos para se proteger da doença devem evitar repousos prolongados e fazer atividade física. Os que possuem histórico na família devem procurar um angiologista para um check-up vascular.
Anticoncepcional x Trombose: o risco é real?
Existem relatos de mulheres que foram diagnosticadas com trombose após utilizarem anticoncepcional. Segundo Paulo Menezes, é possível que haja relação.
“O estrogênio e a progesterona presentes no anticoncepcional são fatores que podem aumentar a chance de formação de coágulos nas veias da perna. Sobretudo em mulheres que são fumantes, obesas e usam o medicamento, ou que têm histórico de trombose na família”, aponta.
Qual a diferença entre varizes e trombose?
As doenças são distintas, mas possuem em comum o local afetado: as veias da perna. As causas e tratamento também são diferentes.
“As varizes (insuficiência venosa crônica) são veias tortuosas e dilatadas que podem aparecer em qualquer parte do corpo, mas principalmente nas pernas. Elas são frequentes na população, e 40% das pessoas com 40 anos possuem algum grau de varizes. À medida que se envelhece, o risco aumenta, então os idosos com 70 anos têm 70% de chances”, explica o médico.
Segundo o especialista em cirurgia vascular, apenas 2% da população possuem quadros avançados de varizes. “Elas não são apenas questões estéticas. Há dor, edema na perna e pode ser necessária uma cirurgia”, relata.
A trombose, por sua vez, é a formação de um coágulo em uma veia profunda. Segundo Paulo Menezes, o risco é quando o coágulo se desloca da perna em direção ao coração e ao pulmão.
Diferença entre os tratamentos
Segundo Paulo Menezes, a busca por um especialista vascular é fundamental. “O tratamento é feito à base de medicações anticoagulantes, se o paciente não fizer o tratamento completo pode evoluir com uma síndrome pós-trombótica, o que pode acarretar varizes e úlceras”, relata.
Junto ao tratamento, é necessário utilizar meias elásticas, pois elas fazem uma compressão graduada da perna, de modo que facilita o escoamento do sangue na mesma.
O tratamento para as varizes, por sua vez, é amplo. “Ele envolve desde meias elásticas até medicações e cremes que aliviam os sintomas, mas não fazem com que elas desapareçam. Aliviam a dor e cansaço na perna. Para tratar, temos a escleroterapia convencional, escleroterapia com espuma, a cirurgia convencional, laser e radiofrequência”, aponta.
O surgimento das varizes
“A principal causa das varizes é a predisposição genética”, conta o especialista em cirurgia vascular. Segundo ele, as mulheres possuem três vezes mais chances de possuir varizes em relação aos homens. O surgimento também pode ocorrer em idosos.
Outros fatores propensos são: obesidade, uso de hormônio e anticoncepcional. “As mulheres que fazem uso do medicamento devem combater o sedentarismo, evitar ficar muito tempo na mesma posição (em pé ou sentado) e possuir uma dieta rica em fibras.
Entre os mitos apresentados pelo especialista é sobre o uso do salto alto. “Não há evidência na literatura médica. A panturrilha fica contraída e impede a circulação, mas não há nada comprovado”, explica.
Segundo o cirurgião vascular, ir a academia não causa varizes. A medida que a pessoa adquira músculo é comum que o aparecimento de veias sejam confundidos com varizes.