Com apenas um ano e quatro meses de atividades, a atual legislatura da Câmara dos Deputados já registrou mais de uma dezena de incidentes de brigas – físicas e verbais – entre parlamentares durante o exercício da atividade política.
Essas ocorrências têm, em comum, a polarização entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, celulares ligados no modo de gravação (sejam dos próprios congressistas ou de seus assessores) e a impunidade.
Responsáveis por avaliar a punição dos colegas por quebra de decoro, os deputados integrantes do Conselho de Ética julgaram 29 representações entre 2023 e 2024 e arquivaram todos os casos, aplicando a pena máxima de censura verbal ou escrita aos deputados infratores.
Essa improdutividade levou o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a criar a suspensão cautelar como novo método de punição.
Poucos minutos depois, Delegado Éder Mauro (PL-PA), um dos deputados mais brigões, não aguentou a provocação de um militante de esquerda e partiu para cima dele. O deputado deu um empurrão e um assessor dele deu um tapa na cara do ativista.
Mesmo depois de se envolver na briga, Janones se sentiu empoderado. “Uma dúvida? Continua autorizado? Se sim, digitem: Janones eu autorizo. O pau vai voltar a comer pra cima do gado!”, escreveu o deputado no X (ex-Twitter).
Polarização é o grande motivador de brigas, as brigas quase sempre ocorrem ou em caso de visita de ministros do governo Lula ou em votação de pautas ideológicas caras a petistas ou a bolsonaristas.
Na Comissão de Segurança Pública, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, foi prestar esclarecimento a parlamentares bolsonaristas sobre o 8 de Janeiro e uma ida à Favela da Maré, no Rio de Janeiro. A sessão precisou ser interrompida frente ao imenso tumulto entre deputados ao longo de toda a sessão.
Em alguns casos, a discussão foi banalizada. O PT chegou a fazer uma representação contra o deputado José Medeiros (PL-MT) por pisar no pé do parlamentar Miguel Ângelo (PT-MG).
Medeiros alegou que a pisada foi sem querer. O PL, por sua vez, protocolou um documento contra Glauber Braga (PSOL-RJ) por ele ter insinuado que Jair Bolsonaro trouxe joias sauditas a seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Esse processo passa por uma filtragem do que se deve ou não filmar. “Elogios devem ser filmados; reuniões importantes, não. Xingamentos, brigas, momentos de tensão devem ser filmados; conversas de corredor, não necessariamente”, conclui Maria Carolina.
Fonte: Política Livre