A vacina indiana Covaxin, cuja importação foi aprovada nesta sexta-feira pela Anvisa com algumas restrições, está em vias de ser testada por até 5 mil voluntários no Brasil. As vagas estão abertas para os maiores de 18 anos que queiram fazer parte dos estudos clínicos desse imunizante contra a Covid. Para a chamada fase 3 dos testes, o recrutamento deve acontecer em cinco cidades do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Campinas (SP) e São José do Rio Preto (SP). Em parte delas, as inscrições já começaram.
Além da Covaxin, há pelo menos outras duas fases 3 de vacinas para o coronavírus com cadastro de voluntários aberto no Brasil: a da vacina da empresa canadense Medicago em parceria com a britânica GSK e a da vacina SCB-2019, da farmacêutica chinesa Sichuan Clover Biopharmaceuticals.
Há ainda um quarto estudo com recrutamento aberto, o da vacina candidata Versamune, desenvolvida no Brasil pela startup Farmacore e pela USP de Ribeirão Preto. O chamamento nesse caso, porém, é para as fases 1 e 2 dos testes e se trata de um pré-cadastro, já que a autorização da Anvisa para iniciar os trabalhos ainda não foi dada.
Conheça abaixo como participar de cada estudo como voluntário.
Os testes da vacina indiana, autorizados pela Anvisa em maio, aceitam voluntários maiores de 18 anos, de qualquer profissão, que não se vacinaram ainda contra a Covid, que nunca tiveram essa doença e que também não moram com alguém que teve a enfermidade. É recomendável ainda, no caso de quem tem doenças crônicas, que essas condições de saúde estejam estáveis. Para as mulheres, não podem estar grávidas nem com planos de engravidar nos próximos 12 meses, tempo do acompanhamento completo do estudo.
Os voluntários receberão duas doses durante o estudo, com intervalo de 28 dias entre cada uma. O plano é começar essa etapa ainda em junho. De forma aleatória, um grupo ganhará a vacina e outro, placebo. Depois, informam os pesquisadores, quando puder ser revelado quem estava de cada lado, os voluntários do grupo placebo serão convidados a tomar o imunizante.
O estudo é coordenado no Brasil, de forma geral, pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (ligado ao hospital homônimo), que foi contratado pelo laboratório indiano Bharat Biotech e pela Precisa Medicamentos (que detém os direitos de distribuição da vacina no país) para esse fim.
Em cada cidade, há, porém, um centro de pesquisa que organiza os testes e pode definir critérios mais específicos para a seleção. Na capital paulista, por exemplo, o recrutamento vai de pessoas dos 18 aos 50 anos no Instituto de Pesquisa do Hospital IGESP/IBEPEGE, que recebe inscrições online. Em Campinas, o local de referência é o Instituto de Pesquisa Clínica (Ipecc), que também dispõe de um formulário digital. Por lá, os interessados devem ter entre 18 e 45 anos. Nas demais cidades, o chamamento ainda não foi aberto.
Os testes da vacina candidata contra Covid da farmacêutica Medicago R&D Inc, do Canadá, em parceria com a britânica GlaxoSmithKline (GSK), foram autorizados em abril pela Anvisa. O recrutamento de voluntários para testar esse imunizante de tecnologia inovadora, à base de plantas, já foi iniciado no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, em Belo Horizonte e em cidades do interior de São Paulo, como Valinhos e São José do Rio Preto.
No Rio, o estudo é feito no IBPClin. O local tira dúvidas dos interessados por telefone. Em Belo Horizonte, os voluntários são recebidos na Santa Casa (informações pelo número 31 3879-0085). Em Porto Alegre, o centro contratado é o Instituto de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento. O cadastro está aberto pela página da instituição.
Em Valinhos, na região de Campinas, o estudo é da Azidus Brasil. A empresa recebe cadastro de interessados pelo seu site. Em Rio Preto, o trabalho acontece no Centro Integrado de Pesquisa Clínica (CIP) do Hospital de Base, que também apresenta um formulário online.
O estudo deve reunir cerca de 3,5 mil participantes no Brasil, todos maiores de 18 anos que ainda não tiveram Covid nem receberam nenhuma vacina contra a doença. Os voluntários serão divididos em dois grupos, um que tomará o imunizante e outro, placebo. Serão duas doses, com espaçamento de 21 dias.
Também aprovado pela Anvisa em abril, o estudo clínico da vacina SCB-2019, da farmacêutica chinesa Sichuan Clover Biopharmaceuticals, deve envolver de 8 mil a 12 mil voluntários no Brasil com mais de 18 anos. Um grupo receberá o imunizante e outro tomará placebo. Assim como nos demais estudos, não ter recebido outra vacina contra Covid e não ter adoecido com o Sars-CoV-2 são requisitos.
Em Porto Alegre, o recrutamento de voluntários já começou no Hospital de Clínicas (acesse o formulário). Em Santa Maria, também no Rio Grande do Sul, ocorre no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), com inscrições online.
Já em Natal, no Rio Grande do Norte, o Instituto Atena de Pesquisa Clínica é o responsável pelo cadastro.
O IDOR é o centro coordenador no Rio do estudo da Clover.
Já a vacina desenvolvida pela USP de Ribeirão Preto em parceria com a startup Farmacore, também da cidade, está em busca de voluntários para as fases 1 e 2 dos seus testes, as primeiras etapas do estudo com humanos. O projeto é financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
A equipe responsável pelo imunizante pesquisado no Brasil pediu em março autorização à Anvisa para começar os testes. O aval ainda não saiu. Apesar disso, as inscrições de voluntários já começaram, para adiantar esse passo, ainda que o estudo em si ainda não possa ser iniciado antes da liberação da agência.
O trabalho das fases 1 e 2 será coordenado pelo hospital HCor, em São Paulo. O objetivo é reunir cerca de 360 pessoas acima de 18 anos que não foram vacinadas ainda contra a Covid e que não contraíram a doença. A instituição colocou uma ficha em seu site para reunir os dados dos interessados. (Ibahia)