Versões híbridas do coronavírus que combinam genes das variantes Delta e Ômicron, apelidadas de “Deltacron”, foram identificadas em ao menos 17 pacientes nos Estados Unidos e na Europa, apontaram pesquisadores.
Como houve poucos casos confirmados, é cedo para saber se a Deltacron é mais transmissível ou vai causar quadros mais severos da doença, conforme explicou Philippe Colson, do IHU Mediterranee Infection, instituto de microbiologia de doenças infecciosas de Marselha, na França.
Colson é o principal autor de um relatório publicado na terça-feira, 8, na revista medRxiv, ainda sem revisão de pares. A equipe dele descreveu o estado de três pacientes franceses infectados com uma versão do SarS-CoV-2 que combina a proteína spike da variante Ômicron com o “corpo” da Delta.
Outras duas infecções por Deltacron foram identificadas nos Estados Unidos, de acordo com relatório não publicado da empresa de pesquisa genética Helix, que foi submetido ao medRxiv e visto pela Reuters.
Outras equipes relataram mais 12 infecções pela Deltacron na Europa desde janeiro – todas com spike da Ômicron e corpo da Delta.
Recombinações genéticas dos coronavírus acontecem quando duas variantes infectam uma mesma célula hospedeira. “Durante a pandemia, duas ou mais variantes co-circularam durante os mesmos períodos de tempo e nas mesmas áreas geográficas… Isso criou oportunidades de recombinação entre essas duas variantes”, disse Colson, acrescentando que sua equipe desenvolveu um teste do tipo PCR, padrão ouro, que “pode identificar rapidamente amostras positivas para a presença desse vírus”.