Essas pestinhas precisariam de dois milhões de picadas, já que cada ser humano tem aproximadamente cinco litros de sangue, e cada mordida drena aproximadamente 0,0025 mililitro (ml). É uma quantidade ínfima para nós, mas essa refeição dá até três vezes o peso do inseto.
Dá para aumentar o apetite deles artificialmente, vale dizer. Os entomólogos, biólogos especialistas em insetos, conseguem fazer uma incisão minúscula no abdômen das fêmeas de Aedes para romper o nervo que controla a sucção.
(Vale lembrar que só as fêmeas de Aedes mordem humanos, porque o sangue é necessário para nutrir os ovos e garantir uma gestação saudável para os bebês. Os machos se contentam com frutas.)
Quando isso acontece, elas não param de beber, acabam estourando e continuam sugando mesmo com o abdômen estourado. Nessas circunstâncias, dá para diminuir a quantidade de pernilongos necessária, é claro.
Fazer microcirurgias individuais em mosquitos, evidentemente, não é um método de controle de pragas muito prático – fique com o repelente, mesmo.
Neste momento, o Brasil passa pela maior epidemia de dengue em todos os tempos. O Ministério da Saúde estima que o país chegue a 4,2 milhões de casos em 2024 – até a publicação deste texto, eram 1,2 milhão. Para dar uma ideia, o pior ano até então havia sido 2015, com 1,7 milhão de casos.
O Aedes, originalmente, obtia sua dieta vampiresca de outros bichos. Sua presa favorita mudou na Antiguidade, no norte da África, quando o clima árido e a fauna esparsa do Saara atraiu esses mosquitos para as primeiras cidades egípcias às margens do rio Nilo – fontes de água parada e sangue humano. Dai o nome aegypti.
Fonte: artigos “The measurement of blood meal size in Aedes aegypti (L.)” e “Regulation of blood meal size in the mosquito”.
por Bruno Valano / Superinteressante