Um levantamento da Defesa Civil de Salvador revelou que 327 imóveis históricos da cidade estão em alto risco de desabamento ou incêndio, enquanto 117 apresentam risco muito alto. Ao todo, são 444 estruturas em situação crítica.
Entre os imóveis mapeados estão casarões, ruínas, fortes e igrejas, concentrados principalmente nos bairros históricos, como Pelourinho, Comércio, Santo Antônio, Barbalho e Saúde.
O alerta sobre a vulnerabilidade do patrimônio histórico ganhou destaque após o desabamento do teto da Igreja e Convento de São Francisco, no Pelourinho, ocorrido na tarde de quarta-feira (5). O acidente resultou na morte da turista italiana Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, que estava em visita ao local com três amigos. Outras cinco pessoas ficaram feridas.
O Corpo de Bombeiros da Bahia informou que quatro vítimas foram levadas para uma unidade de pronto atendimento, enquanto uma foi socorrida pelo Samu e encaminhada a um hospital.
Segundo a Defesa Civil, no momento do acidente não havia missa em andamento, mas o local recebia visitantes. “O desabamento comprometeu quase toda a parte central da igreja. Infelizmente, perdemos uma vida”, declarou Sósthenes Macedo, diretor do órgão.
O frei Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião da igreja, revelou que havia alertado o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) dois dias antes sobre uma dilatação no forro do teto. “Solicitamos orientações para garantir que qualquer intervenção seguisse os critérios técnicos exigidos para bens tombados”, afirmou.
Quatro meses antes do desabamento, o Iphan e o frade haviam assinado uma ordem de serviço no valor de R$ 1,2 milhão para a restauração do edifício. O recurso seria destinado à elaboração de projetos técnicos de preservação.
A Arquidiocese de São Salvador divulgou uma nota lamentando a tragédia. “Rogamos a Deus consolo para a família enlutada e a plena recuperação dos feridos”, declarou. A nota ressaltou ainda o valor histórico da igreja, que é “testemunho da fé de um povo e dos Frades Franciscanos Menores por mais de três séculos”.