Que o sistema defensivo do Bahia é um dos problemas do time neste início de temporada todos estão cansados de saber, mas, nos últimos jogos, o tricolor abusou do direito de errar. Entre Copa do Nordeste e Campeonato Baiano, a equipe foi vazada 14 vezes em quatro partidas.
A fase de derrotas por goleadas teve início contra o Fortaleza, pela Copa do Nordeste. Irreconhecível, o Esquadrão foi presa fácil e levou 3×0 na Fonte Nova.
Já contra o Sport, na Ilha do Retiro, castigo em dobro: 6×0. O resultado provocou uma crise entre clube e torcida, a primeira nessa fase de “encantamento” com a venda do clube para o Grupo City. A delegação foi recepcionada com protesto no aeroporto e os muros do CT Evaristo de Macedo foram pichados.
Entre as derrotas para Fortaleza e Sport, o Bahia venceu o Atlético de Alagoinhas, também pela Copa do Nordeste, por 2×1 no estádio Carneirão, em Alagoinhas.
O último revés por goleada aconteceu pelo Campeonato Baiano. No domingo, o time entrou em campo já classificado para a semifinal e optou por usar o elenco sub-20 diante do Itabuna. Caiu por 4×0, no estádio Antônio Elias Ribeiro, em Camacan.
A média de gols sofridos nos últimos quatro jogos foi de 3,5 por partida. As derrotas para Fortaleza, Sport e Itabuna tiveram um ponto em comum: o time foi para o intervalo perdendo por 3×0, além de não ter feito gol.
Saindo do recorte que salta aos olhos para os números gerais, o desempenho também não é bom. O Bahia sofreu 22 gols em 14 jogos no ano e tem de longe a defesa mais vazada entre os 20 clubes que disputam a primeira divisão. Santos, com 14, e Flamengo, com 13, são quem mais se aproximam.
Com a defesa vulnerável, o ataque tricolor não tem conseguido suprir a quantidade de gols sofridos. A equipe marcou 16 este ano, o que deixa um saldo negativo de seis. Na Copa do Nordeste, por exemplo, o time está na lanterna do grupo B com -9 de saldo. São cinco gols sofridos a mais do que o Campinense, vice-lanterna com os mesmos quatro pontos.
Um dos motivos para a quantidade de gols sofridos passa pelo modelo de jogo adotado pelo Bahia. Sob a gestão do Grupo City, o tricolor mudou a sua característica e está tentando ser um time que segue a filosofia da estrela da franquia, o Manchester City treinado pelo espanhol Pep Guardiola.
O Esquadrão do português Renato Paiva tem apostado na construção de jogadas desde a saída com o goleiro e na linha de defesa alta, quase na altura da linha do meio de campo. Na versão baiana, há uma falta de equilíbrio que tem proporcionado erros individuais e coletivos.
Além disso, apesar dos cerca de R$ 70 milhões investidos na montagem do elenco até agora, a diretoria não contratou jogadores considerados da “primeira prateleira” do mercado, optando por apostar muitas vezes em jovens promissores – mas não necessariamente prontos.
“Equipes que propõem mais ficam mais expostas. […] Impossível criar finalizações sem que a gente se exponha contra equipes que não querem atacar tanto. É uma forma de jogo lícita, mas não posso deixar de propor o jogo. Ou o jogo vai ficar enfadonho”, argumentou o treinador após o empate por 2×2 com o Ferroviário, na Fonte Nova, no dia 4 de fevereiro.
“Estamos sofrendo muitos gols, mas uma equipe jovem, de preponderância no jogo ofensivo, normal que aconteça. Defensivamente está sólida, mas sofre com a eficácia do adversário”, completou.
Diante do cenário, o técnico Renato Paiva tem focado em ajustes na defesa durante os treinos na Cidade Tricolor. Para ter mais tempo de preparação para os próximos compromissos, o elenco profissional e ficou treinando enquanto o sub-20 era derrotado pelo Itabuna.
Nesta quarta-feira (1º), o time estreia na Copa do Brasil, contra o Jacuipense. Apesar do mando de campo ser do time do interior, a partida será no estádio de Pituaçu, e o tricolor tem a vantagem do empate. Renato Paiva tem a missão de tornar o Bahia mais sólido para evitar mais um vexame na temporada. (ba)